Empregar dinheiro público para bancar contas de partidos políticos soa como aberração. Ou pelo menos deveria soar. Ainda mais em um país atolado em dificuldades, com uma economia que passa longe do status de consistente e uma pandemia que consome recursos direcionados ao atendimento de milhares de vítimas. Mas a imoralidade impera por estes lados desde os tempos mais remotos, independente dos perfis governamentais que um dia assumiram o comando da nação, sempre com a promessa de recolocar este chão no prumo.
Por que não subsidiar a sobrevivência das siglas partidárias com dinheiro dos filiados ou doações por parte daqueles que acreditam nos projetos que emergem desses redutos? Mas neste nosso Brasil varonil, lamentavelmente é preciso que o povo sustente estas instituições que, sistematicamente decepcionam pela forma com que seus membros exercem as funções públicas para as quais foram designados. Ou existe alguém, em sã consciência, que está completamente satisfeito com o desempenho da classe política, tão useira e vezeira em tratar irresponsavelmente os interesses de uma maioria que sobrevive em verdadeira terra-arrasada, com respaldo quase zero por parte dos governantes?
A consolidação de um megafundo eleitoral de, pasmem, R$ 5,7 bilhões, com a justificativa de representar ‘papel no exercício da democracia dos partidos’, emerge como a mais pura balela neste rincão assolado por problemas. Até quando o cidadão brasileiro aceitará passivamente tanto destrato com um dinheiro que seria muito melhor aproveitado em setores comprovadamente crentes? Canalizar tamanha quantia para siglas que, quando chegam ao poder, praticamente dão uma ‘banana’ para o cidadão representa imoralidade sem tamanho. Uma farra com o tão suado dinheiro dos menos afortunados, exclusivamente para saciar o apetite voraz por parte daqueles que somente estão interessados nos votos.