A Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) do município completa na quinta-feira, dia 19, 50 anos de atividades ininterruptas. Esse meio século foi marcado pela evolução constante, como construções de sedes, alterações no formato de atendimento, novos métodos pedagógicos e abordagens educativas. Mesmo com tantas mudanças, o foco da instituição se mantém inalterado: a atenção prestada à pessoa portadora de necessidades especiais.

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Atualmente a Apae itapirense possui mais de 50 colaboradores para assistir 254 matriculados. Está instalada em uma área de aproximadamente 12 mil metros quadrados na região da Vila Figueiredo, em prédios que abrigam salas de aula, setor administrativo, cozinha, refeitório, área de piscina, enfermaria e sala de informática, além de uma obra que pretende transformar a antiga quadra em um ginásio poliesportivo.

A primeira ata elaborada pela diretoria da instituição, datada do começo da década de 70, descreve tudo que tem conduzido a Apae ao longo desse período. Na reunião inaugural, registrada pelo então presidente da Apae da vizinha Mogi Mirim, Décio Mariotoni, o documento detalha que o propósito da entidade é fazer ‘com que cada participante sinta o grande problema dos excepcionais’. Ou seja, a palavra ‘empatia’, tão em moda nos dias atuais, já estava em pauta para ser colocada em prática pelos membros da associação.

Apesar de fundada em agosto de 1971, as atividades operacionais iniciaram somente em 1972, quando foi conseguida a sede da rua Coronel Francisco Vieira, no bairro Cubatão. “Vim para Itapira para trabalhar como dentista. Vi uma população muito prestativa, porém, carente de atendimento para crianças com necessidades especiais. Assim nasceu a primeira semente para criar a Apae. Não tínhamos recurso, local, material, nem profissionais especializados. Éramos um grupo de cidadãos unidos com forte desejo de concretizar nossos sonhos”, resumiu o cirurgião-dentista Romeu Pereira de Souza, um dos idealizadores da proposta e que assumiu como o primeiro presidente da entidade de Itapira – o depoimento foi colhido da série de vídeos institucionais lançados pela Apae em celebração ao Jubileu de Ouro.

As reuniões começaram na residência de Souza, depois passaram ao Clube XV de Novembro e um imóvel na rua Francisco Glicério. Somente depois é que começou o atendimento efetivo na sede no Cubatão. “As crianças eram buscadas em conduções particulares e depois devolvidas no final do dia. O trabalho não foi fácil. Foi trabalhoso e sofrido, mas nunca nos faltou apoio dos órgãos públicos, privados e da população. Quando se completa 50 anos, voltando às nossas origens que era apenas uma promessa de um grande futuro, e vendo como está hoje, não consigo conter as lágrimas”, completou o depoimento do antigo presidente.

ATENDIMENTO

“Ninguém era preparado para atuar na educação especial. Tínhamos que aprender tudo sozinhos. Com a chegada dos profissionais da saúde, fomos tendo mais informações. Éramos surpreendidos dia a dia com os resultados e conquistas de aprender e lidar com um especial. Superávamos os desafios”, relembra a professora Ainée Aparecida Sartori Fagundes, que ministrou aulas na Apae de 1972 a 1976, constituindo a primeira equipe de educadoras ao lado das colegas Maria Suelly Coradi Salles, Casué Taukeutti, Maria da Penha Rocha, Bernardete Mistro, Ana Maria Silva Araújo e Neusa Medina. “Tudo na vida tem um propósito. Hoje tenho uma neta que nasceu com Síndrome de Down e tem sete anos. Ela é um prêmio na minha vida”, conta Ainée, se referindo à pequena Laís.

Do Cubatão, com quatro salas de alfabetização e uma de oficina pedagógica com 10 alunos, a demanda cresceu e com o passar dos anos foi iniciada a construção de uma sede maior, concluída em 1980 – o atual imóvel localizado à rua Jacob Audi, na Figueiredo. E a ideia é continuar a crescer. “A intenção é fortalecer cada vez mais a entidade nas áreas social, educacional e da saúde. A Apae realiza um trabalho muito grande que o poder público não conseguiria prestar. As pessoas que estão lá são qualificadas e que vestem a camisa da entidade. Estão realmente preparadas para atender. Vejo a Apae de Itapira como uma entidade diferenciada”, analisou o atual presidente, o médico Newton Santana.

Ele chamou a atenção para outro ponto de enorme relevância: a forma como a sociedade itapirense abraçou a instituição. “A credibilidade que a Apae tem é muito grande. É muito interessante o trabalho voluntariado dos empresários junto à entidade. Você vê a cidade envolvida. É até gostoso para a gente que está na diretoria. As pessoas não medem esforços e de maneira anônima fazem tudo de coração. A gente só tem a agradecer”, frisou.

Aliás, amor pela Apae foi algo que marcou muitas pessoas que passaram pelo trabalho desenvolvido há cinco décadas. A fisioterapeuta Gislaine Zago, que atuou por 10 anos na instituição – de 1982 a 1992 -, é filha de Gilton Zago, o presidente que se manteve mais tempo no cargo, de 1977 a 1996. “Ele sempre lutou muito por aquela entidade. Era a menina dos olhos dele”, disse ela, na série de vídeos institucionais apresentados por conta do Jubileu de Ouro.

Laís e a professora Ainée
Antiga sede na Francisco Glicério: primeiras reuniões
Vista aérea da atual sede

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