A forma mais verdadeira da solidariedade humana é aquela que brota do coração, fruto do amor ao próximo e que se transforma em ações capazes de ajudar quem mais precisa. A auxiliar de limpeza Adeílsa Gonçalves de Araújo, 44, é a personificação dessa definição. Com a colaboração de amigos e apoiadores da causa, semanalmente ela prepara e distribui refeições às pessoas em situação de rua. Tudo executado de forma sincera, como faz questão de afirmar, sem qualquer necessidade de reconhecimento por parte de terceiros.
Após a rotina de trabalho, nas tardes das sextas-feiras Adeílsa se junta aos familiares em casa para preparar as refeições. Depois de tudo pronto, de carro ela parte de Barão Ataliba Nogueira, onde reside, com o objetivo de encontrar moradores de rua para fornecer alimento. Atualmente ela distribui cerca de 50 unidades semanalmente – no começo eram apenas quatro.
“A vontade de fazer esse trabalho nasceu quando vi pessoas necessitando e pedindo comida. Eu estava na Estação Rodoviária, isso há cerca de três anos. Algumas pessoas me disseram que não tinham nada e me pediram comida, dizendo que estavam com fome. Disse para esperarem. Fui para casa, fiz a comida e levei de volta quatro marmitas. Não acreditaram muito, mas voltei e distribui”, relatou.
A partir daquela data, Adeílsa decidiu que manteria a ação beneficente de maneira contínua. No início se encarregava de tudo sozinha, desde a compra dos ingredientes até o preparo. Depois, o genro Leonardo Leone, 25, abraçou a causa e atualmente ela conta com a ajuda da filha Mariana Gonçalves da Silva, 26, e da sogra Benedita Machado Leitão, 60. Além disso, amigos, outros familiares e conhecidos também auxiliam na compra dos ingredientes. “Quando essa ação beneficente aumentou, fiz um grupo no WhatsApp. Ali aviso do que estou precisando e as pessoas acabam doando. Tenho também ajuda de alguns irmãos da Igreja Adventista da qual faço parte, e do vereador Carlos Briza”, agradeceu.
A distribuição acontece às sextas-feiras, no início da noite. Adeílsa carrega o carro e como disse, “sai à caça” de pessoas em situação de rua. Como mantém a iniciativa há anos, conhece muito bem os locais que abrigam esse público, como a Estação Rodoviária e áreas cobertas de estabelecimentos comerciais. Segundo contou, a pandemia da Covid-19 provocou aumento na demanda.
Em locais que antigamente estavam cerca de 10 moradores de rua, atualmente o número dobrou. Além disso, a crise econômica obrigou a diminuir a frequência de entrega dos alimentos. “Cheguei a fazer a distribuição duas vezes por semana, mas por causa da pandemia, acabou caindo apenas para a sexta, devido ao custo dos alimentos. Queria chegar além, ir duas ou três vezes por semana”, confirmou. A marmita conta com arroz, feijão, uma mistura, verduras e legumes, “variando os pratos, mas sempre bem servida”, garantiu Adeílsa.
AMOR
Natural de Taiobeiras-MG, ela está em Itapira há cerca de 25 anos. Independente das dificuldades, afirmou que continuará com o trabalho. “É o amor no coração que me faz não parar. Temos que ter compaixão pelas pessoas. Sentimos que eles (moradores de rua) às vezes querem conversar e isso incentiva a fazermos mais e mais”, definiu.
Adeílsa salientou que é possível contribuir com a causa por meio de doações espontâneas. A melhor maneira é manter contato pelo telefone (19) 97120.2790. A necessidade de alimentos muda de acordo com o cardápio. “As pessoas podem entrar em contato comigo por esse telefone e fazer as doações”, reforçou.
Deixe seu comentário