A pandemia da Covid-19 trouxe inúmeras mudanças na sociedade e economia. Com os sucessivos lockdowns ou restrições de mobilidade, além do distanciamento social, a forma de trabalhar em muitas empresas foi afetada. Um modelo que passou a vigorar com maior força foi o home-office, onde o trabalhador exerce sua atividade de forma remota, em casa. Por meio da internet e diversas ferramentas tecnológicas, como softwares de encontros virtuais, chats, aplicativos de mensagens e ligações de vídeo, mantém-se o contato com os outros funcionários e parceiros.

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Apesar dessa realidade não ser a da maioria, da população quem adota esse método prefere não voltar ao ‘antigo’ estilo de vida. Segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) 11% dos trabalhadores ativos no Brasil exerceram suas atividades profissionais de forma remota durante a pandemia. Segundo dados de setembro de 2021, uma pesquisa divulgada em março pela Microsoft sobre tendências no trabalho, no Brasil, 58% dos profissionais estão considerando mudar para o trabalho híbrido ou remoto ao longo do próximo ano.

“Sou muito suspeita em falar as vantagens desse modelo, pois adoro o trabalho remoto. Sinto que tenho mais tempo para fazer as minhas coisas e me organizar melhor, por exemplo: posso ir fazer exercício físico na parte da manhã pois não preciso me preocupar com o tempo de trajeto até o escritório. No meu horário de almoço eu consigo descansar mais pois já estou em casa e isso faz com que eu volte mais disposta a trabalhar a tarde”, exemplificou a gerente de contas de uma empresa de Bigdata, Caroline Renata de Souza Pinto, 25 anos, itapirense que atualmente mora em Campinas, mas atua nesse ambiente ‘virtual’ desde agosto do ano passado.

A advogada Leticia Rafael Anela Cavini, 26, está no sistema remoto na empresa em que trabalha, no ramo de consultoria, desde março de 2020. A itapirense que também mora em Campinas, comentou sobre alguns pontos positivos. “Para mim a maior vantagem é não perder tempo no trânsito, sendo possível adiantar as tarefas diárias, bem como poder receber técnicos, compras e afins sem precisar se deslocar do trabalho para casa”, comentou.

“Trabalho no esquema híbrido desde o início de minha jornada na empresa, sendo três dias presenciais e dois dias opcionais remotos. Com o início da pandemia, a partir de março de 2020, o modelo de trabalho passou a ser 100% home office. Ao meu ver, as maiores vantagens desse modelo estão na flexibilidade e redução do tempo gasto com mobilidade. A facilidade de poder trabalhar de onde desejar, para mim, é com certeza o maior benefício”, disse o economista Gustavo Bayod Jolli, 29, que reside em São Paulo, mas durante a pandemia trabalhou somente em Itapira.

Uma pesquisa divulgada em setembro de 2021 pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo e pela Fundação Instituto de Administração aponta que 73% das pessoas estão satisfeitas com o trabalho de casa. Mas esse número cresce para 78% quando se considera a intenção de manter a mesma rotina após a pandemia, ante 70% em 2020. Já o número de trabalhadores que querem voltar aos escritórios diariamente caiu de 19% para 14%.

Outro dado importante da pesquisa é que muitos trabalhadores acabam estendendo a jornada de trabalho. Dos entrevistados pelas instituições, 45% estão trabalhando acima de 45 horas. Desse número, 23% afirmaram que trabalham entre 49 e 70 horas por semana, enquanto 6% falaram em volume acima de 70 horas semanais. A legislação trabalhista estabelece, salvo casos especiais, que a jornada convencional de trabalho seja de 44 horas semanais. “A maior desvantagem (do trabalho remoto) é o aumento da jornada de trabalho. Em razão da demanda, acabamos trabalhando mais, pois em geral fazemos menos pausas e acabamos estendendo a jornada no almoço e final do dia”, comentou Letícia.

Caroline também opinou sobre as desvantagens. “As maiores desvantagens para mim são a falta de contato com o time para fazer uma aproximação mais pessoal com os colegas de trabalho e os cuidados com a saúde que devemos ter quando ficamos o dia inteiro em casa. O local de trabalho em casa também conta muito, precisa ser um lugar organizado para eu sentir que consigo focar melhor nos meus afazeres”, comentou. “A falta de contato de estar junto das pessoas do time talvez seja o maior prejuízo. Perde-se um pouco também na facilidade da comunicação e assim na agilidade de resoluções de assuntos do cotidiano”, opinou Jolli.

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