A coleta de dados do Censo Demográfico 2022, realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), está enfrentando mais uma dificuldade no município. Além da recusa de moradores em responder o questionário, uma ameaça de paralisação dos trabalhos por parte dos recenseadores que atuam na linha de frente na coleta de informações poderá ocorrer a partir do próximo dia 1º. A reportagem esteve em contato com os profissionais e apurou que as reclamações variam do atraso no pagamento (os recenseadores recebem por produtividade) à falta de segurança.

some text


A recusa de parte de alguns moradores em atender os recenseadores é, no mínimo, grave. A coleta de informações à respeito da população em relação à escolaridade, condições de moradia como acesso ao saneamento básico, condições econômicas, quantidade de idosos e crianças, por exemplo, ocorre apenas a cada década e é fundamental para a realização de políticas públicas que buscam atender a demanda de necessidades do município, além de campanhas de vacinação, como ocorreu em relação à Covid-19. Por Lei, é obrigatório atender e responder o questionário (veja mais a seguir na matéria).

Agora, os problemas em relação a realização do Censo está atingindo diretamente os recenseadores. Uma greve geral a nível nacional está sendo divulgada pelos trabalhadores e poderá ocorrer a partir da próxima quinta-feira. A reportagem conversou com um dos recenseadores municipais, que preferiu se manter no anonimato, e expôs a situação atual e que poderá gerar essa paralisação. “Estamos acompanhando a movimentação pelas redes sociais. Pedimos uma melhor remuneração e mais agilidade no pagamento pelos nossos trabalhos. A questão da segurança também está sendo uma preocupação de todos”, disse.

Segundo apurado, a dificuldade em relação ao pagamento é o fato de o mesmo vir apenas após o fechamento de um setor de coleta de dados, além de questões burocráticas. “Agente tem que fechar o setor para conseguir receber e estamos tendo o problema da recusa dos moradores. Temos que voltar várias vezes na mesma casa para conseguir concluir. Depois de finalizar, leva uns dez dias para a aprovação de um supervisor, par ai ser encaminhado ao Instituto, que também está demorando em realizar o pagamento”.

SEGURANÇA

O recenseador ouvido pelo Tribuna relatou alguns casos de violência, muitos deles partindo dos próprios moradores, além de situações mais graves como a ocorrência de assalto. “Às vezes nos sentimos humilhados. Jogam objetos na gente e pessoas que não querem nem nos receber. Nós fazemos isso por um bem maior, para melhorar a política pública da nossa cidade. A entrevista não dura nem três minutos”, disse.

“Existem questões mais graves. Já teve recenseador assaltado, que teve até a moto levada”. Um caso de assalto a um recenseador chegou até o conhecimento da Polícia e ocorreu no dia 20 desse mês. Um agente foi abordado por dois indivíduos na Vila Figueiredo, no momento em que realizava uma entrevista e, na oportunidade, os meliantes levaram dinheiro e o aparelho de coleta de dados.

Até a última sexta-feira, os recenseadores já haviam realizado a visita em cerca de 8.500 logradouros, incluindo prédios comerciais e residências. Os trabalhos tiveram início no dia 1 de agosto e os moradores e proprietários são indagados a responder os questionários, que tem como objetivo unir informações que servem como referência para análise das condições de vida da população.

LEI

A negativa de alguns moradores em querer responder e atender os recenseadores persiste em Itapira, assim como em outros municípios. Esse tipo de atitude acarreta diversos efeitos negativos no resultado final do Censo. A omissão dos dados podem impactar em diversas ações de políticas públicas, como por exemplo, campanhas de vacinação e a destinação de recursos financeiros para necessidades específicas do município.

A coordenadora municipal do IBGE, Persia Stolf, informou à reportagem que os recenseadores estão levando junto para a realização dos trabalhos, uma cópia da Lei nº 5.534 de 14 de novembro de 1968, que dispõe sobre a obrigatoriedade de prestação de informações estatísticas. A lei tem em seu artigo 1º a informação de que toda pessoa é obrigada a prestar as informações solicitadas pelo IBGE. “As informações prestadas terão caráter sigiloso, serão utilizadas apenas para fins estatísticos, e não poderão ser objeto de certidão, nem, em hipótese alguma, servirão de prova em processo administrativo, fiscal ou judicial”, discorre o texto da lei.

Em locais onde os recenseadores não são atendidos, os mesmos estão retornando ao local e se dispõem a agendar o horário que for mais conveniente com o morador. O Instituto informou que a coleta do Censo Demográfico 2022 será realizada de agosto a outubro de 2022. Em Itapira serão visitadas 27 mil residências. A cidade está dividia em 180 setores e cada um possui 150 casas/imóvel.

Deixe seu comentário

Seu e-mail não será publicado.