Um dos maiores e mais tradicionais eventos do município, o Itapira Rodeio Show, sempre foi referência na região por encher os olhos dos milhares de espectadores que sempre marcaram presença na festa, seja pelas apresentações envolvendo os cavalos, burros e mulas, competições como a montaria em touros, ou as atrações musicais. Após o período da pandemia, a população pôde observar que cidades próximas como Mogi Guaçu, Socorro, Monte Sião, Jacutinga e Jaguariúna voltaram a organizar a Festa do Peão. Desde a última semana, leitores entraram em contato com a redação do Tribuna, que também observou comentários pela cidade, com o seguinte questionamento: o Rodeio de Itapira acabou? A reportagem foi apurar os fatos e entrou em contato com integrantes do poder público, assim como representante de grupo que sempre esteve presente na organização do evento, para saber qual o futuro da tradicional festa.
O Rodeio de Itapira já teve 42 edições, com a última sendo realizada em 2019. A plena verdade é que, em suas últimas, a festa acabou perdendo um pouco de seu brilho, seja pela presença de um público menor, mudança em relação a organização, ou até pelos artistas, que não estariam “bombando” nas paradas musicais. A última edição apresentou alguns desses fatores, se encerrando com a participação do público bem aquém das projeções.
Em 2019, dirigentes de 15 entidades itapirenses se reuniram para organizar o evento, onde parte da renda seria destinada para as instituições. Infelizmente, a primeira noite da festa, que seria de entrada franca, foi marcada por um embargo judicial em razão da falta do AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros), com a cerimônia de abertura sendo cancelada, causando um tumulto no portão principal do Recinto Agropecuário ‘Carmem Ruete de Oliveira’, quando centenas de pessoas foram impedidas de entrar. O fato foi resolvido e os dias seguintes foram de festa porém, o início conturbado comprometeu em certos pontos um resultado positivo para a à comissão organizadora no final.
Naquele ano, ao final da festa, já havia o questionamento sobre o futuro do Rodeio, em vista que o formato adotado com participação efetiva das entidades foi inédito. A estrutura que o município possui, em relação ao Recinto Agropecuário, é um grande diferencial. Poucas cidades tem um local tão bem alinhado para a realização de um evento de grande porte.
PREVISÃO
Para o Secretário Municipal de Governo, Sandro César Oliveira Almeida, uma festa será organizada para o ano que vem e que supere as expectativas. “Estamos planejando um Rodeio que apague o mal rendimento que ocorreu em 2019. Vamos nos organizar para fazer uma boa festa em 2023”, disse Almeida.
Segundo o Secretário, parcerias com a iniciativa privada seriam importante para um evento desse porte. “Houve sim uma tentativa para realizar a festa este ano porém, com o retorno dos eventos nesse pós pandemia, a grade de shows dos artistas ficou muito concorrida, dificultando um pouco as coisas. Uma parceria com a iniciativa e investimento privado está sendo cogitada e é importante para a realização do rodeio”, explicou.
Para César Ricardo Lupinacci, Secretario de Cultura e Turismo, a Festa do peão de Itapira é uma marca registrada e voltará a marcar presença no município. “O Rodeio de Itapira não acabou e será realizado novamente. Temos um ótimo local para fazer a festa e no ano que vem ela será muito bem organizada”, comentou Lupinacci.
ORGANIZAÇÃO
Um grupo que sempre teve participação ativa, tanto na realização como integrante efetivo das atividades do Rodeio, foi o Clube do Cavalo de Itapira. O Clube sempre fez parte da comissão organizadora do evento, além de participar, com os cavaleiros e amazonas, dos shows de abertura e das provas equestres, como o Team Penning e Três tambores.
Segundo o Presidente do grupo, Dr. Newton Santana, o Rodeio de Itapira tem uma tradição muito grande e sempre foi um dos melhores da região. Do que depender dele, o Clube do Cavalo estará disposto a ajudar na realização da festa. “Itapira é um município que sempre esteve muito envolvido com o Rodeio, além de se ter um agronegócio muito forte. O público gosta e o espaço do Recinto é ótimo. Nós estamos dispostos a ajudar a organizar”, disse Santana.
Para ele, o importante no retorno da festa que permita que o evento retome os tempos áureos, é uma organização que envolva e atinja todos os públicos. “Para fazer uma boa festa ela tem que envolver todos os públicos. Aqueles que gostam das apresentações com os animais, das exposições, das montarias e também dos shows musicais. A programação da festa tem que atingir o interesse do maior número possível de pessoas”, explicou.
“Sem o apoio da prefeitura é muito difícil realizar um evento desse. É necessário que se tenha uma pessoa responsável. Para uma boa festa é essencial começar a organizar com pelo menos seis, sete meses de antecedência, principalmente por questão da escolha dos shows. É um evento de grande responsabilidade, a cidade inteira ganha com uma festa dessa”, concluiu Santana.
CRIME
O encerramento do Rodeio em 2019 ficou marcado pelo assassinato do Policial Militar Alan de Souza Melo, que tinha 29 anos na época. Na madrugada do último dia de festa uma quadrilha de assaltantes resolveu agir e dois integrantes do grupo invadiram um “trailer” onde funcionava o escritório dos responsáveis pela praça de alimentação.
O PM estava no banheiro e, ao sair, percebeu a ação e tentou evitar o roubo. Mesmo gritando que era policial, acabou sendo alvejado por um disparo de revólver calibre 32. Houve troca de tiros e Melo conseguiu atingir um dos criminosos na perna, mas acabou recebendo outro disparo, caindo ao solo e falecendo no local. No decorrer do caso, sete pessoas foram presas, sob as acusações de latrocínio e associação criminosa.
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