Depois de 42 anos no mercado, chegou a hora da despedida do Volkswagen Gol. O modelo, que caiu no gosto dos brasileiros, dá adeus com a edição final chamada de Last Edition, com produção limitada de 1.000 unidades. Apesar de deixar de ser fabricado, devido ao seu sucesso e diversos modelos que atravessaram gerações, o mercado tende a se manter aberto para o Gol, seja como item de coleção ou até mesmo para os proprietários que não vão querer trocar de modelo.
Carro mais vendido no Brasil por 27 anos consecutivos (de 1987 a 2014), mais produzido e mais exportado da história do mercado nacional – foram 8,6 milhões de unidades – sairá de linha, segundo a montadora, devido as novas regulamentações de emissões e segurança do país, que afetam também o modelo Voyage.
Lançado em 1980, o Gol tinha como missão suceder o Fusca na preferência dos motoristas brasileiros. O modelo, cujo nome teve óbvia inspiração no futebol, foi desenvolvido levando em conta as condições das vias no País e as necessidades dos consumidores locais. Foram 14 longevos anos até o Gol mudar de geração. A segunda, portanto, veio apenas em 1994. Suas linhas mais arredondadas renderam o apelido de “Gol Bolinha”. No ano seguinte chamou a atenção a versão GTI, com motor 2.0 16V de 145 cv importado da Alemanha.
RELÍQUIA
Por ser um carro muito tradicional e de décadas de mercado, o Gol foi conquistando seu espaço com o passar do tempo no ramo das relíquias e colecionáveis. Para João Vitor Momesso, 37, um amante da restauração de veículos e de carros antigos, que atua na Momesso Garagem, a partir de agora isso tende a aumentar com os modelos do Gol.
“Meu pai abriu uma loja de carro em 1994 e cresci nesse meio. Mesmo formando em veterinária, comecei a investir em carros antigos, reformar e restaurar. Hoje, modelos da década de 90 do gol já são bem cobiçados, como o GTI, GTS e GT, que marcaram época”, comentou.
Para Momesso, a tendência é que os modelos se tornem cada vez mais itens de coleção e, com isso, sua valorização será inevitável. “Já existe uma procura por reformas e restauração dos modelos do Gol e com o tempo isso vai se tornar cada vez mais frequente, tornando os carros itens de coleções. Alguns já são e, a partir desse momento, os veículos vão se valorizar nesse mercado. Hoje, para restaurar um carro, o céu é o limite, pode gastar R$ 50 mil, R$ 200 mil, vai de acordo com o freguês. Existem ainda outros carros mais antigos que também estão virando colecionáveis, como Parati e Saveiro”.
Ainda segundo o fã dos modelos antigos, a montadora deveria manter o Gol no mercado, devido ao seu sucesso. “Eles vão tentando renovar com o passar do tempo os modelos. Por mim, onde se ganha não se meche. Se tem que ajustar padrão de segurança, faz o ajuste, tem engenheiro automotivo pra isso. O que adianta fazer um monte de carro. Hoje, os modelos estão padronizados para baixo, os carros todos parecidos”, concluiu.
VENDAS
A saída de um modelo de linha tende a mexer com o mercado porém, na opinião do comerciante Maurício Carneiro Baratella, 65, proprietário da Trevo Veículos e há 35 anos atuando no ramo de comércio de carros, a procura pelo Gol ainda será grande.
“É uma tristeza, carro top de linha, não deveria ser descontinuado, mas o mercado manda, entrou outros modelos no lugar, não temos escolha. Acredito que ainda vai ter muita procura pelo Gol, quem gosta do modelo não muda, um carro espetacular”, comentou Baratella.
O comerciante ainda adiantou que os proprietários do modelo não vão perder nada, pelo contrário, a tendência é o modelo se valorizar. “Quem é proprietário hoje do Gol não vai perder nada, acredito que os consumidores ainda vão ir atrás, ocasionando até um aumento no preço de mercado para o modelo”.
“Acho que o alto custo que o modelo chegou não o prejudicou, em vista que hoje, no Brasil, não existe mais carro barato. Mexeram com o mercado, subiram o preço de tudo. O Gol era para ser um carro popular, o qual estamos sem nenhum modelo hoje no Brasil”, concluiu.
MOTIVOS
O modelo não está enquadrado nas regras do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), que estabelece limites de emissão de gases poluentes de forma a garantir a qualidade do ar nas grandes cidades brasileiras e que começou a valer a partir de 1º de janeiro deste ano.
O Gol também não cumpre os requisitos estabelecidos na nova regulamentação de segurança brasileira que estabelece que todos os veículos 0 km serão obrigados a incluir equipamentos que hoje são opcionais, como proteção contra impactos frontais a partir de 2024.
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