A labradora Aysha, figura ilustre do Canil da Guarda Civil Municipal, está vivenciando seus últimos momentos na corporação itapirense. Isso porque seu processo de aposentadoria já teve início, encerrando um ciclo marcado por centenas de ocorrências e apreensões de drogas que só foram realizadas graças ao seu faro aguçado e em parceria com os agentes da GCM.

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Pode-se dizer que a farejadora é o “terror” dos traficantes. Quando a equipe do Canil chegava para a averiguação de um local e ela estava presente, os meliantes já sabiam que era “cana” na certa. A reportagem do Tribuna de Itapira visitou a sede do Canil da GCM e teve a oportunidade de conversar com agentes da corporação, incluindo o primeiro treinador de Aysha, e conhecer um pouco mais de sua história.

Nascida em 5 de janeiro de 2015, a cachorra tinha como sua tutora a filha do GCM Massari, que hoje integra a equipe do Canil, até que foi adotada pela corporação quando tinha dez meses. “Nós íamos nos mudar para um apartamento e ela era muito peralta. Um belo dia, o GCM Narciso foi em minha casa, viu a cachorra e observou seu potencial. Conversando com o agente Paulo Borges, resolveram leva-la ao Canil para fazer um teste de um mês. Mas não deu outra: com apenas 15 dias já levaram a papelada para eu assinar”, contou Massari, ressaltando a rapidez do aprendizado de Aysha.

No final de 2015, o encarregado era o GCM Martins, que direcionou o agente Martinelli para ser o primeiro treinador daquela que seria uma das melhores farejadoras da corporação. “Ela era uma cachorra com hábitos domésticos. Foi um enorme desafio. Mas ela tinha um apreço muito grande por seus brinquedos e isso acabou ajudando durante os treinos. Foi excepcional os trabalhos, uma ótima convivência. Realmente uma grande parceira durante as ocorrências”, comentou Martinelli.

Na época, o treinador também foi orientado por outros agentes que já tinham uma boa experiência com os cães, como os GCMs Paulo Borges, Martins e Claudinei. “Ela chegou mostrando ao que veio. Grande aptidão para o faro de entorpecentes”, disse Paulo Borges. Com o passar do tempo, Aysha foi atuando com vários agentes, sendo o GCM Claudinei seu atual parceiro de trabalho.

Apreensões

Atuando pela corporação já a quase oito anos, perde-se de vista a quantidade de ocorrências em que Aysha participou, porém, uma merece destaque: localização de 1.670 quilos de maconha que estavam escondidos em uma carreta estacionada na SP-352.

O feito foi nada menos que a maior apreensão de drogas da região realizada a partir de um cão de faro. A situação ocorreu no dia 28 de maio de 2020, após uma carreta, que estaria carregada de adubo, quebrar na SP-352 e levantar suspeitas na GCM, que se deslocou ao local e, mesmo com a maconha estando escondida embaixo de toneladas de sacos de fertilizantes, Aysha indicou a presença da droga.

A apreensão resultou na prisão de uma pessoa e o início de investigações em cima de uma quadrilha que abastecia a região com entorpecentes, além de um prejuízo estimado na época para o tráfico de drogas em cerca de R$ 1 milhão.

“O cão farejador é de extrema importância para a cidade no quesito combate à criminalidade. Várias ocorrências só são possíveis de serem realizadas pela presença dos cães. Além da questão policial, ele também tem a possibilidade de desenvolver projetos sociais. Aysha realizou um excelente trabalho nos últimos anos, atuando em ocorrências em diversas regiões”, comentou Mirovaldo Farabello, Coordenador do Canil da GCM.

Aposentadoria

Apesar dos dias de atuação de Aysha estarem chegando ao fim, ela ainda está bem saudável para realizar os trabalhos e colocar seu faro em ação. Fato é que a disposição já não é mais a mesma. Sua raça possui expectativa de vida de 10 a 12 anos mas, devido ao treinamento intenso, o cão policial tem essa expectativa reduzida em até 20%.

“Temos hoje oito cães no Canil, incluindo a Aysha e os recrutas Akira de quatro meses e Zeus de oito. Então, temos farejadores para suprir as necessidades dos trabalhos e atender a população. Ela já pode ser poupada”, explicou Paulo Borges.

De acordo com o apurado, uma despedida digna e oficial da farejadora já está sendo planejada e deverá mobilizar as forças de segurança de Itapira. Como legado, além dos históricos de ocorrência, Aysha deixa sua cria Xena a plenos pulmões atuando na corporação, filha do saudoso cão Maradona, que também teve grande contribuição em Itapira.

“A Guarda não seria a corporação que é hoje sem o Canil. A atuação deles é de grande importância. Às vezes percebemos crianças paradas no alambrado e dizendo os nomes dos cães. O Canil tem destaque na cidade e a população reconhece. Nos despedimos de Aysha com lágrimas nos olhos, realmente foi um trabalho excepcional”, comentou a Comandante da GCM, Patrícia Zacariotto.

Fotos – Tribuna de Itapira

Aysha durante apreensão histórica de drogas em 2020 – Tribuna de Itapira

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