Na década de 90 e início dos anos 2000, Itapira tinha um ponto comercial bem diversificado e que atraia populares de toda a cidade. Tratava-se da “Central de Abastecimento de Itapira”, cujas edificações ainda podem ser vistas por quem passa pela Avenida Virgolino de Oliveira, na altura do número 400.

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Com função de grande importância no município, o passar do tempo acabou gerando mudanças no tradicional ponto, restando hoje apenas três comerciantes que ainda se mantém firmes nos trabalhos. O Tribuna de Itapira levantou alguns dados históricos e foi conversar com aqueles que vem mantendo o local “vivo”.

A “Central de Abastecimento” foi criada em 1995 e teve como principal objetivo reunir toda a produção rural de Itapira. Tudo o que vinha dos produtores locais era “descarregado” no prédio que, naquela época, se estendia de ponta a ponta do quarteirão. Eram frutas, legumes e verduras na sua grande maioria.

A medida na época evitava um encarecimento dos produtos, já que os hortifrútis não eram encaminhados para o CEASA (Central Estadual de Abastecimento), localizado em Campinas, que teriam no caso de retornar para Itapira e, consequentemente, com preços mais elevados.

Com bons preços, variedade e produtos frescos, o local atraia uma clientela bem considerável e, com isso, o ponto foi tendo uma diversificação de comércios com açougue do “Ferrego”, agropecuárias, lanchonetes e até lojas de roupas e calçados. Claro que o “Mercadão” da região central também era um ponto de grande relevância, mas o ponto na Virgolino de Oliveira não ficava para trás.

Mudanças

“Com o passar do tempo, os produtores rurais começaram a vender diretamente para fornecedores do CEASA, muito por conta da facilidade de não se ter que levar até a Central a mercadoria e fracionar as porções. Tudo ia em lotes grandes. Só que ai o preço passou a voltar mais caro devido ao processo”, comentou o escritor e memorialista Arlindo Bellini.

Com produtos mais caros e menor quantidade, o centro de comércio foi perdendo movimento e, aos poucos, as atividades foram se encerrando. “Não ter tido continuidade foi uma pena. Mesmo que nossa produção local tenha se reduzido com o tempo, era uma independência que tínhamos, além de melhores preços”, frisou Bellini.

Foi então que o espaço daquele extenso prédio foi sendo “enxugado”, pelo menos para os comerciantes, que também foram abandonado os pontos. As administrações acharam outras funcionalidades para as dependências, criando a sede da Defesa Civil e agora, inaugurada neste ano, a base do Corpo de Bombeiros. O Samu também operou lá por alguns anos.

Firmes

Três comerciantes seguem firmes e fortes no local. Joel Fernandes de Oliveira, de 66 anos, viu toda essa história passar diante de seus olhos, isso porque ele está lá desde a inauguração do ponto comercial em 95. Hoje ele está no comando de um barzinho, mas contou que já diversificou mais os produtos e que se formavam filas de clientes.

“Eu tinha uma freguesia muito grande. Vendia doces e balas. Não dava conta de tanta gente. Era um ponto exclusivo na cidade, tinha um feira muito boa”, comentou. Com relação a queda do movimento, Oliveira disse que “muita gente foi abandonando os pontos, desistindo e ai a freguesia caiu. Do jeito que está hoje é difícil, pouco movimento”.

Karina Pires Grossi tem um ponto que vende desde ovos, doces caseiros e mercearia. Ela está lá desde 2001 e, mesmo com o baixo movimento, disse estar satisfeita com seu ponto comercial. “Antigamente tinha muito mais coisas realmente, aos poucos foi diminuindo, mas para mim está ótimo, faço boas vendas e dá para pagar as contas”, disse Karina.

Marilza de Lurdes de Haro Pracchias é a terceira comerciante presente no prédio. Ela comanda uma pastelaria e café desde 2013, momento em que o ponto já era mais modesto. “Eu já vinha aqui antes com minhas duas filhas comprar balas do Joel”, disse. “Quando comecei tinha mais incentivo da prefeitura. Alguns dias até com som ao vivo. Eu tenho esperança que melhore. Gosto muito daqui do ponto e do meu trabalho, mas precisa dar uma reformada no prédio, deixar mais bonito”, completou.

Joel está lá desde o início

Prefeitura

O Tribuna solicitou uma posição da Prefeitura sobre o ponto e as possibilidades que poderiam ser levadas em consideração no local. Via Assessoria de Comunicação, foi colocado que “Parte do prédio já foi reformada para adequação do Corpo de Bombeiros. Quanto ao restante, a Administração está em fase de estudos para identificar se há o interesse de comerciantes explorarem o espaço e, se assim for, realizar uma reforma. Se esse estudo mostrar que não existe interesse na exploração comercial, a Administração irá verificar a possibilidade de transferência de alguma secretaria”.

Questionados pela reportagem da possibilidade de uma reforma caso aja interesse comercial, todos os três comerciantes que estão presentes no prédio se mostraram animados e reforçaram que irão permanecer lá com o maior ânimo e satisfação.

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