No dia 7 de agosto, uma segunda-feira, enquanto ainda repercutia em toda a região os desdobramentos de um acidente que vitimou dois trabalhadores do SAMAE de Mogi Guaçu supostamente por inalação de gases tóxicos no interior de uma galeria de esgoto, o engenheiro Carlos Vitório Boretti de Ornellas, presidente do SAAE de Itapira, requisitou do departamento de segurança do trabalho da autarquia para que fosse feita uma explanação a todos os colaboradores operacionais que atuam na manutenção das redes de água e esgoto a respeito dos procedimentos de segurança adotados, “Para que fossem todos repetidos”.

some text


“O momento exigia esse tipo esclarecimento, para ficar bem claro que a questão da segurança, em qualquer circunstância, jamais deve ser negligenciada”, pontuou Ornellas. Quem fez a palestra foi o técnico em segurança no trabalho do SAAE, Ivan Renato Correa Leite, de 40 anos de idade, há seis desempenhando a função. 

Ivan atendeu a reportagem do TRIBUNA para falar mais a respeito de seu trabalho. Segundo ele, a observância de normas técnicas, procedimentos corretos, treinamento, e uso de EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) são de fundamental importância para se evitar tragédias iguais àquela que ocorreu na vizinha cidade. Aliás, uma curiosidade: guaçuano, Ivan revelou que os dois óbitos foram registrados perto de sua casa. “Por muitos motivos foi algo lamentável”, registrou.

Durante a conversa, Ivan foi comedido ao analisar a provável causa das mortes, apontando a necessidade de se esperar pelos laudos oficiais para determinar o que exatamente ocorreu. “São muitas as variáveis que podem incidir sobre uma situação específica encontrada em ambiente de redes e galerias de esgoto, principalmente. Pode ter sido gás metano, pode ter sido gás carbônico ou uma outra combinação mais rara, mas possível. A perícia médica é quem vai dizer a causa real”, acautelou-se.

Condições

O técnico esclareceu que via de regra, cabe a ele examinar as condições onde os trabalhadores deverão solucionar algum problema existente nas galerias de água e esgoto. Munido de equipamentos modernos e de EPIs indicados para cada situação específica, Ivan faz uma “varredura”, analisa as condições dentro da galeria, examinando a presença de gases tóxicos e até mesmo excesso de oxigênio, cujo acúmulo pode favorecer condições para que no local haja uma explosão.

Carrega sempre consigo um aparelho chamado “bump test”, que combinado com um cilindro que reproduz as condições de diferentes tipos de gases, lhe fornece com exatidão qual tipo de contaminante que predomina no local vistoriado, e qual o tamanho da concentração que ocorre. Quando encontrada uma situação de risco, a primeira recomendação é tornar o local seguro, livre dos gases, utilizando técnicas e equipamentos apropriados para esse tipo de emergência em locais “onde a ventilação é insuficiente para remover elementos contaminantes, e onde possa existir deficiência ou situação de enriquecimento de oxigênio” ensinou.

Ainda de acordo com aquilo que informou, todo tipo de escavação ou reparo, independente da largura, extensão ou profundidade do espaço onde se faz necessária uma intervenção, ocorrerá somente se todas as condições de segurança estiveram sendo cumpridas.

Expertise

Antes de prestar concurso no SAAE de Itapira, Ivan Correa disse que atuou na iniciativa privada onde acumulou uma boa expertise nas mais diversas atribuições inerentes à sua profissão. “Cada empresa, cada segmento apresenta alguma particularidade. Com o SAAE não é diferente. Fiz muitos cursos de capacitação, mas o olhar clínico você adquire no dia a dia”, explicou.

Deixe seu comentário

Seu e-mail não será publicado.