O que têm em comum, personagens que hoje fazem parte da memória da cidade como José Barreto de Oliveira Sobrinho, Joaquim Firmino e Mafalda Ranzatto? E qual a relação existente entre monumentos religiosos como a Igreja do Salto e períodos históricos como o nascedouro da República no Brasil e até a Festa de Maio?

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Para a grande maioria das pessoas a resposta óbvia seria “relação nenhuma”. Mas não para o engenheiro de produção Rafael Marcatti, de 36 anos. Marcatti, nas horas vagas, investe na produção de cerveja artesanal, e criou sua própria marca, Sáfara, nome inspirado, conforme relatou, no tupi-guarani para fazer referência ao nome “Itapira”, traduzida segundo os entendidos como “pedra ponteaguda”. O primeiro nome que veio à mente dele e da esposa Letícia, sócia e apoiadora do projeto, foi “Penhasco”, abandonado logo em seguida, depois que o casal descobriu que já era usado como marca de cerveja.

A partir das primeiras incursões em 2017, Rafael e Letícia dedicaram muita energia, tempo de estudo para ter em casa produto diferenciado. Na medida em que o aprendizado se transformava em atividade real, o casal intuiu criar rótulos alternativos com personagens e fatos históricos relacionados à cidade, para fazer frente às centenas, talvez milhares de rótulos de cervejas artesanais que já correm o mundo. “Queríamos nos diferenciar investindo em algo relacionado à cidade”, comentou.

Já dominando a produção própria e se dando ao luxo de fazer experimentações com sabores e texturas diferentes a partir do produto original, os proprietários se dedicaram em criar seus rótulos conforme a ideia inicial. A primeira homenagem, aquela que puxou a fila, foi feita em 2021, e recaiu sobre uma personagem cuja tradição de elaborar os doces mais famosos da cidade por décadas, Mafalda Ranzatto, a dona Mafalda, foi referência também para o cervejeiro.

“Procurei o Daniel (o advogado Daniel Ranzatto, filho de dona Mafalda) e ele foi super receptivo. Aprovou a ideia e em pouco tempo estávamos distribuindo a cerveja dona Mafalda”, recordou. A principal característica da bebida é – conforme aquilo que está descrito no rótulo – é  ser uma “Red Ale”, que possui uma cor mais avermelhada. No rótulo todo estilizado, uma foto da inesquecível dona Mafalda e é claro, um “mini-currículo” com a história dela.

Em seguida veio aquela que faz uma homenagem ao não menos inesquecível “professor Barreto”, que ilustra a garrafa de um produto classificado como “Blonde Ale”. Nos dois casos, os homenageados tiveram seus nomes estampados ainda em vida (veja box nesta página). E, de tempos em tempos, a marca vem produzindo novas texturas e dando a elas um batismo relacionado a personagens e fatos históricos da cidade.

Produção

Rafael Marcatti revela que cada nova “fornada” gera cerca de 60 litros de cerveja, que distribui para familiares e amigos. “Apenas por hobby” garantiu.  A receptividade segundo ele, tem sido a melhor possível, tanto no requisito “sabor e originalidade”, quanto pela “pegada cultural”. “Felizmente as pessoas aprovaram o produto e a nossa ideia de fazer dele algo que projete o nome de nossa cidade”, concluiu Rafael.

Letícia e Rafael em 2017, antes da “sacada” de misturar história e cerveja
Esse é o rótulo que homenageia professor Barreto
Dona Mafalda recebeu a homenagem ainda em vida

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