Um movimento que teve início há cerca de 15 anos em Espírito Santo do Pinhal, com a introdução de parreirais e posterior fabricação de vinho de qualidade pela vinícola Guaspari, tem se transformado em novo boom econômico que já atrai pesos pesados do setor de investimentos da capital paulista para a nossa região.

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Hoje, já são quase 30 vinícolas instaladas na cidade vizinha, algumas das quais, fazendo divisa com Itapira, como é o caso da Vinícola Rio Manso, próxima ao bairro rural de mesmo nome localizado aqui em Itapira. Além de produzir vinhos de qualidade, os proprietários investem no turismo rural, colocando à disposição do público pousadas sofisticadas, incluindo, é claro, a degustação de seus produtos.

O quadrilátero formado por Pinhal, Santo Antônio do Jardim, Jacutinga e Albertina, já contabiliza vários milhões de reais em investimentos. A vizinha Jacutinga, conforme apurou o TRIBUNA DE ITAPIRA, tem já instaladas, ou em processo de maturação, 15 estabelecimentos. O clima e altitude favoráveis têm despertado a atenção também de cidades vizinhas do circuito das águas, como Amparo e Serra Negra, que já recebem investimentos.

Turismo Rural

Itapira, ainda que ‘esquecida’ pelos investidores em viticultura, observa um movimento da criação de pousadas, cujos proprietários apostam no turismo rural. Duas delas – Fazenda São Fernando e Fazenda Floresta, no bairro dos Cardoso – são os exemplos mais recentes, que se somam a pelo menos dois outros já existentes.

Um deles – a pousada Recanto das Videiras – fica localizada no “berço” da viticultura local, na propriedade da família Canivezzi, cujo histórico de produção de uvas e vinhos artesanais remontam do início do século passado.  

Desde o falecimento de Ailton Canivezzi (1948-2018), a propriedade foi desmembrada em duas. A outra parcela vem sendo cuidada pelo engenheiro agrônomo Carlos Eduardo Canivezzi Antunes, de 42 anos, que é o atual Chefe da Casa da Agricultura de Itapira.

Entusiasta desde sempre da viticultura, ele segredou que investe no plantio da uva Syrah em uma área que vai lhe permitir produzir futuramente até 5 mil garrafas de vinho de qualidade. Eduardo investe na “poda dupla”, achado científico que permitiu que a viticultura brasileira desse um enorme salto de qualidade e que consiste em uma técnica que adia a floração para que as uvas sejam colhidas no meio do ano, ao invés do final de cada ano, como é natural ocorrer. “Deixar para colher no final do ano significa você ter uma uva de baixa qualidade, aguada”, detalhou.

Bonde

O TRIBUNA DE ITAPIRA quis saber dele se Itapira perdeu o “bonde” dos investimentos em vinho que hoje se proliferam em cidades vizinhas.  Ele acha que a cidade reúne condições ideais para o cultivo de uvas, produção de vinho e tudo isso associado ao turismo rural, como as cidades vizinhas. “Não dá para cravar que a cidade perdeu oportunidade de receber esse tipo de investimento por que se trata de um movimento muito dinâmico. De repente os olhos dos investidores podem se dirigir para nossa cidade. Mas fica sim a sensação de que algo mais poderia ter sido feito para que a cidade se beneficiasse desse processo”, avaliou.

A dona de casa Adriana Carecho, uma das mulheres que integram aqui na cidade a “Confraria das Marias”, que gira em torno do vinho, disse que o fortalecimento da viticultura aqui na região não tem passado despercebido pelo grupo. “Temos visitado algumas vinícolas no entorno de Espírito Santo do Pinhal, e são todas maravilhosas”, elogiou. Ela disse que torce para que a novidade finque raízes também em Itapira. “Seria ótimo em muitos aspectos”, considerou.

O TRIBUNA conversou também a respeito do assunto com Erica Domingues, agente local do SEBRAE, órgão de fomento empresarial, cuja sede regional fica em São João da Boa Vista, outra cidade que, por sinal, faz divisa com Pinhal. Erica garantiu que o órgão está atento a essa movimentação de investimentos no setor de produção de vinhos na região e acha que Itapira pode se beneficiar deste processo. Erica considera importante envolver “os diversos atores” (setores público e privado) para traçar metas que contribuam para que a cidade também passe a ser protagonista neste processo.

Carlos Eduardo investe na produção de uvas para fabricação de vinho de qualidade

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