Para uma enorme parcela da sociedade – especialmente os trabalhadores com registro em carteira – os feriados são sempre muito bem vindos, por que representam oportunidade da quebra da rotina de trabalho ao longo da semana.

some text


Este ano, particularmente, a profusão de feriados que caíram em segundas e quintas-feiras, tem permitido que o famoso “jeitinho brasileiro” cuide de emendar uma esticada ainda maior, o famoso “final de semana prolongado”. Neste mês, pela primeira vez, o Estado de São Paulo decretou feriado no dia 20 Novembro, o dia Nacional da Consciência Negra, que vai ser guardado em sua estreia, em uma segunda-feira, para a alegria dos gazeteiros.

Novembro acaba, por conta disso, se tornando o mês com maior número de feriados, rivalizando com Abril, quando celebra-se Tiradentes, acompanhado da “sexta-feira santa” no período da Páscoa. Neste mês, já foi celebrado dia de Finados (02/11) e na próxima quarta-feira, 15, será comemorado o dia da Proclamação da República.

No caso de Itapira, a sequência de feriados é ainda maior por conta do aniversário da cidade, celebrado em 24 de outubro, que caiu em uma terça-feira, fazendo um prolongamento de quatro dias de folga. Considerando o período entre a semana dos 203 anos do município até o da Consciência Negra, serão cinco semanas com quatro feriados, sendo destes três prolongados (aniversário de Itapira, finados e Consciência Negra).

“Essa questão incomoda. Atrapalha muito. Não sei a quem interessa tantos feriados. Para quem tem que administrar uma empresa é muito prejudicial. Especialmente quando coincide a data do feriado no começo, ou no último dia útil da semana. Aí vem aquela questão de emendar. Se você não para, é comum o colaborador se ausentar e no dia seguinte ao feriado aparecer com um atestado médico”, comentou o empresário José Maurício da Silva, da empresa Lona Mais, tradicional empresa fabricante de lonas para caminhões, estabelecida no bairro Jardim Guarujá.

O presidente da Associação Comercial e Empresarial de Itapira (ACEI), Célio Altafini, também faz questionamentos ao enorme numero de feriados. “A economia como um todo tem tido pouca tração e o encadeamento de tantos feriados só ajuda a piorar as coisas, principalmente no comércio”, avaliou.

Opinião parecida foi emitida por Francisco de Assis Francioso, presidente do Sindicato do Comércio Varejista (Sicomvit). “Os feriados, especialmente, quando caem em datas que permitem esticar a folga, são ainda mais nocivos pelo fato de estimularem as pessoas a viajarem’, pontuou. Destacou, contudo, que em 2024 o número de feriados durante os dias uteis será menor do que este ano, o que, segundo seu raciocínio, deverá compensar de certa forma, os problemas verificados neste ano de 2023. Assim como Célio Altafini, Francisco Francioso considera que no Brasil existe um número exagerado de feriados.

Complexo

O professo e Mestre Willian Zacariotto, vice-reitor e coordenador do Curso de Administração do Centro Universitário do UNIESI, disse para o TRIBUNA DE ITAPIRA que é necessário ter uma visão mais ponderada sobre a existência dos feriados.

“Feriados são marcados por acontecimentos importantes, sejam religiosos, comemorações cívicas que representam nossas vitórias e conquistas – seja numa simples cidade, ou um acontecimento marcante para o Brasil. Por intermédio deles, celebramos a nossa independência, a existência da democracia e a comemoração de diversas conquistas. Há muito que se pensar no restante, os prós e contras, mas varia muito do ponto de vista de cada campo da economia, para cada setor. Pode ser enxergado ainda como um ponto chave no fortalecimento e na satisfação dos próprios trabalhadores, que ganham um tempo maior de convívio com a família e com os amigos, cujos resultados podem ser positivos também na sequência, dado os efeitos positivos que um descanso extra pode ocasionar no ambiente de trabalho”, pontuou.

Zacariotto lembra ainda que enquanto algumas cidades lamentam a saída de seus cidadãos durante os feriados, outras festejam a presenças destas pessoas. “Para algumas cidades e estabelecimentos comerciais, ou até mesmo prestadores de serviços como aqueles que tiram seu sustento do turismo, trata-se de um incremento importante”, considerou.

O vice-reitor não desconsiderou os efeitos negativos, os quais, segundo ele, “são visíveis”. “É inegável que muitas empresas sofrem com perda de vendas e faturamento, tornando mais complicado saldar seus compromissos, incluindo a folha salarial. Existem empresas que encontrarão dificuldades com a queda das vendas e do fluxo de caixa devido à queda do movimento causada pela ausência daquele consumidor que preferiu investir em um passeio. Como se pode observar, fica difícil tirar uma conclusão em se tratando de um país com a complexidade, diversidade e do tamanho do Brasil”, finalizou.

Deixe seu comentário

Seu e-mail não será publicado.