O pároco da Igreja Matriz de Santo Antônio, padre Tarlei Navarro Pádua Souza, de 45 anos, surpreendeu os fiéis que assistiam à missa dominical do domingo, dia 11, quando se dirigiu ao púlpito, tomou o microfone e falou: “Eu senti no coração (desejo) de dar um testemunho aqui”.
A partir daí, durante quase seis minutos o religioso detalhou aos participantes a forma corajosa com que enfrentou um câncer de medula, e principalmente, como alcançou a cura repentina em um dos momentos mais delicados de seu tratamento.
O pároco contou ter ouvido a profissional da área médica que cuidava dele no ambiente de UTI onde permanecia internado, advertir outras pessoas da equipe para que comunicassem aos familiares e ao bispo (o bispo de Amparo, D. Luiz Gonzaga Fechio) que devido à gravidade de seu quadro de saúde, padre Tarlei seria intubado.
“Naquele dia, os médicos já não sabiam mais o que fazer comigo. Além do câncer, (rotina) de radioterapia e quimioterapia, contrai uma trombose na perna direita. Depois, uma embolia pulmonar. Coração com água, pulmões com dois litros de água. Ou seja, às vésperas da morte”.
Ele se recorda que no exato dia, D. Luiz Gonzaga conduzia um encontro com todos os padres da diocese par a adoração ao Santíssimo Sacramento e pediu para que todos os padres rezassem missa por ele, “na minha intenção”, conforme seu relato. No dia seguinte (17 de junho do ano passado), padre Tarlei celebraria 18 anos de sacerdócio. “E o povo rezou, vocês rezaram. As cidades pelas quais passei se uniram em oração”, registrou em um tom muito cada vez mais emocionado.
Sonho
Neste momento, padre Tarlei toca no ponto mais sensível de seu surpreendente relato, quando falou da visão que teve durante um sonho, onde lhe apareceu Santa Teresinha do Menino Jesus. “Eu nunca fui devoto de Santa Teresinha do Menino Jesus. Dizem que ela escolhe os filhos espirituais dela. E naquela noite ela apareceu para mim no hospital, e disse para mim em sonho, depois de me entregar uma rosa dourada disse assim ‘você é meu filho espiritual’. Sou padre e nunca tive devoção com santos. Rezo nas paróquias pelas quais eu passei, as novenas, as trezenas. Mas nunca fui muito apegado. A não ser com Nossa Senhora. Mas naquela noite aconteceu um milagre”, prosseguiu. Tarlei usou uma expressão forte para definir o que na sua opinião ocorreria depois de ter tido a visão. “Ela (Santa Teresinha) me entregou essa rosa e eu amanheci ressuscitado”.
Mencionou que a médica que cuidava dele ficou surpresa ao vê-lo no dia seguinte com uma aparência saudável. “Ela (a médica) quando me viu no outro dia, me deu alta e falou: ‘padre, o senhor ressuscitou’. Três dias depois eu estava fora do hospital e um mês depois estava de volta aqui na paróquia de Santo Antônio. Eu não tenho mais nenhuma célula de câncer em meu corpo – graças a Deus – e estou aqui para a honra e a glória de Deus. Deus tem planos para mim. Eu nunca pedi para ele me curar. Pedi para ele me dar forças. Isso eu pedi”, comentou.
Já se encaminhando para o final de seu depoimento, o pároco mencionou o fato de ter realizado transplante de medula, enfrentado logo em seguida, outros procedimentos médicos necessários ao acompanhamento necessário (como a retirada de células da medula para congelamento, processo que exige muita determinação e resiliência dos pacientes) com absoluto sucesso, conforme apontaram os exames que realizou.
“Eram necessárias dois milhões de células. A médica me disse: ‘pode ser que o senhor tenha que voltar duas, três ou quatro vezes (até completar a coleta)’. Me ligaram do hospital já tarde da noite quando eu me preparava para retornar (para a segunda coleta) e ela me disse: ‘o exame do senhor apontou 3 milhões e quatrocentas mil células’. Quase o dobro do que precisava! Então, cada dia Deus me concede mais milagres! Quero agradecer a vocês pela oração, pela força que têm me dado. Eu estava tentando não chorar, mas eu vou chorar. Obrigado”. Nesse momento irrompeu uma sonora salva de palmas dentro da Igreja.
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