Que Itapira é uma cidade com relação íntima ao agronegócio não é novidade. Basta um “passeio” pela área rural – e até mesmo em alguns pontos urbanos, para se observar diversas operações agrárias e de pecuária. Uma recente pesquisa da Pecuária Municipal divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reforçou a força do município na região com relação à dimensão da quantidade de animais em rebanho.
Conforme dados do instituto, apurados pelo Tribuna de Itapira, o município conta hoje com um total de 383.440 animais em rebanho. Esse total supera em 5,3 vezes a população da cidade – de 72.022 habitantes de acordo com o último censo. Os números envolvem criação de gado, galinhas, porcos, cabras, ovelhas, búfalos, cavalos e codornas.
Só em relação às galinhas, são 321.400 cabeças, 4,5 galinhas por habitante. Levando em consideração a região da Baixa Mogiana, dos oito rebanhos verificados pelo IBGE, Itapira supera os de Mogi Guaçu e Mogi Mirim em cinco deles, sendo os de gado, galinha, cabra, ovelha e búfalo (veja a relação completa dos rebanhos nessa página). No tocante ao número total de bichos, em relação às cidades vizinhas, Itapira é superada por Espírito Santo do Pinhal e Amparo.
Área
De acordo com o biólogo responsável pela Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente, Anderson Martelli, a extensa área rural de Itapira colabora para os números expressivos da pecuária local.
“Nossa área rural é muito extensa. Em território, é muito maior que Mogi Guaçu e Mogi Mirim, por exemplo. Além disso, Itapira tem um histórico muito forte com relação a famílias produtoras, que vão passando de geração em geração, dando continuidade aos trabalhos”, disse.
Outra situação destacada por Martelli para os números de rebanho na cidade é a produção agrícola local destinada a produtos voltados para a alimentação de animais. “Nós temos muitos produtores locais que investem no cultivo de alimentos para os rebanhos, como por exemplo o feno. Isso também ajuda no desenvolvimento das criações de animais no município”.
O biólogo ainda citou um importante projeto realizado pelo SAMA, o Comando Agrícola Municipal. “O COMA presta uma importante assistência ao pequeno e médio produtor rural local. São fornecidos implementos agrícolas e também aluguel de maquinas a preços bem acessíveis”.
Produtor
A reportagem conversou com Daniel Boretti, produtor rural do ramo da avicultura e que atua há 35 anos em Itapira no setor. Conforme contou ao Tribuna, Boretti iniciou os trabalhos em 1988, quando seu pai transferiu a criação para ele.
“Estou atualmente com 30 mil aves em criação. São galinhas mesmo, do gênero Galináceos, mas nós do ramo denominamos como frangos de corte, independente do sexo que forma a composição dos lotes, fêmeas, machos ou misto”, disse.
O produtor ainda lamentou os atuais números apresentados pelo IBGE. “Enxergo com muita tristeza esse total de rebanho em Itapira, pois quando comecei em 1988 a cidade tinha um plantel de quase 2 milhões de aves alojadas no sistema de integração com sete empresas do setor. Hoje temos só duas empresas atuando em Itapira”.
Outra situação é o fato da região não ser uma forte produtora de grãos. “Especificamente aqui na nossa região, que não é uma grande produtora de grãos, temos o elevado custo do transporte para trazer os mesmos para produção de ração, o que somado aos demais custos derruba em muito a remuneração do avicultor”, ressaltou.
Questionado sobre o panorama geral e atual do agro, tanto em Itapira como no Brasil, Boretti apontou pontos positivos. “O agronegócio de um modo geral vai bem tanto em Itapira como no Brasil. Aqui, apesar de termos muitas terras ociosas pertencente ao espólio do grupo V.O., e da queda do preço da arroba do boi para o produtor, não seguida de queda nos preços dos insumos o que diminuí muito a margem de lucro do pecuarista, os negócios vão caminhando. Agora nos estados grandes produtores de soja e milho como Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, oeste baiano, partes do Tocantins e São Paulo o agronegócio vai melhor ainda, é o que está puxando o crescimento econômico no momento”.
“Agora especificamente no setor de aves, o crescimento é impressionante em algumas regiões também produtoras de cereais, matéria base para a produção de ração, o principal insumo na produção de frangos. É impressionante tanto na quantidade, qualidade e tecnologias empregadas na produção, o que tornou o Brasil o maior exportador de frangos do mundo, mas ainda não somos o maior produtor. Com esse novo cenário as empresas avícolas têm preferido investir nessas regiões produtoras de grãos. Além da substancial queda dos custos de produção, existe a oferta de grandes incentivos fiscais tanto dos governos, como o federal, para que essas empresas se instalem nessas regiões. Tal movimento tem contribuído já a alguns anos para o fechamento de empresas tradicionais do setor em nossa região o que tem prejudicado drasticamente o setor avícola aqui em Itapira e cidades vizinhas”, concluiu.
O Brasil conta hoje, segundo dados do IBGE, com um rebanho de 1,9 bilhão de animais criados em fazendas. Quase todo esse montante é formado por bois, vacas, galinhas e frangos (1,8 bilhão de cabeças). É aproximadamente 9 vezes maior do que a quantidade de seres humanos no Brasil (203 milhões de habitantes).
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