Um dos mais elogiados programas mantidos pela APAE de Itapira no atendimento de alunos com histórico de paralisia cerebral e dificuldades motoras com a prescrição da chamada ‘equoterapia’, que opera no limite máximo da oferta de vagas, enquanto a fila de espera cresce.
Incomodada com a situação, a diretoria da APAE já tem formatado um plano de ampliação do espaço e do atendimento que é realizado semanalmente em um anexo junto ao Centro Agropecuário “Carmen Ruete de Oliveira”. O médico Newton Santana, presidente do Clube do Cavalo, ex-presidente da APAE e integrante da atual diretoria, revela que o já estão sendo feitas sondagens para a obtenção dos recursos necessários, estimados por ele em torno de R$ 70 mil na ampliação do espaço físico.
Atualmente são 30 alunos de ambos os sexos e diversas faixas etárias assistidos no programa, que consiste na difusão de estímulos sensoriais através do equilíbrio em cima do cavalo para correção, a partir de indicação médica e da formulação de um Plano Terapêutico Individual, no tratamento de pacientes com paralisia cerebral, dificuldade de locomoção e autismo.
O atendimento ocorre de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 10h30. No local trabalha uma equipe composta por uma fonoaudióloga, duas psicólogas, duas fisioterapeutas, e o cavalariço – o profissional responsável por conduzir o cavalo. Santana mencionou que a manutenção da equipe multidisciplinar é garantida pela prefeitura, que cedeu também por comodato a área utilizada para a atividade.
No dia em que o TRIBUNA DE ITAPIRA visitou o local, na quarta-feira, dia 26, o atendimento era feito pelas fisioterapeutas Giovana Maniezzo e Letícia Leonello, pela psicóloga Cristiane Sartori e pelo cavalariço Reginaldo Alex Ferreira. Todos eles possuem curso de especialização para aplicar este modelo de terapia. Era o horário do atendimento da aluna Andressa Costa Baptista, de 21 anos, que tem histórico de paralisia cerebral, frequenta o programa a pouco mais de um ano e já demonstra bastante desenvoltura sobre o cavalo.
Newton Santana chamava a atenção para a passada do animal, o “Pé de Pano”. “Seu andar tem que ser o mais próximo possível daquele característico do ser humano”, detalhou. “Tem que ser antes de mais nada também um animal dócil”, reforçou o cavalariço Reginaldo. São dois cavalos utilizados no atendimento da clientela da APAE.
Na sequência do atendimento de Andressa, seria a vez do pequeno Pietro Henrique Gomes, de apenas quatro anos e recém incorporado ao programa, entrar em ação. Segundo a mãe, Cleuza da Silva Gomes, o menino tem problemas motores derivados de um quadro de má formação das articulações, que lhe causa muito desconforto e dor. Dona Cleuza disse que após quatro sessões, a melhora foi perceptível. “Ele deixou de chorar”, contou. Ainda segundo ela, “Pietro não tem medo do cavalo”.
Aperfeiçoamento
O tempo de permanência de um aluno no período de tratamento depende muito dos laudos emitidos pela equipe multidisciplinar. A fisioterapeuta Giovana – frequentadora do programa há mais de duas décadas – observa que o resultado da recuperação dos pacientes demanda um tempo mínimo, dificultando a abertura de novas vagas e consequente diminuição da fila de espera.
Newton Santana explica que desde os primórdios do programa em meados da década de 1990, com apoio decisivo do Clube do Cavalo e da prefeitura, o programa vem passando por um processo de aperfeiçoamento, se tornando um dos diversos “cases” de sucesso dentro da APAE de Itapira. O momento, segundo sua colocação, é o de intensificar gestões junto à comunidade e até por meio do convencimento de donos de mandatos parlamentares, a colaborar com o projeto de fortalecimento e ampliação do atendimento.
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