O médico cardiologista Murillo de Oliveira, 44, diretor técnico da clínica Med + aqui em Itapira, retornou recentemente de uma viagem que realizou na região amazônica, participando como voluntário do projeto Barco Hospital Papa Francisco, que desde agosto de 2019 realiza incursões em uma vasta região atendendo populações ribeirinhas de municípios do imenso estado do Pará.
Murillo revelou para o TRIBUNA que em agosto, no período de 10 a 17, completou sua terceira participação no projeto que funciona já há 03 anos levando assistência de saúde para milhares de pessoas que dificilmente teriam acesso a este tipo de atendimento, dadas as precárias condições e, principalmente, as longínquas distâncias que separam esses povoados das cidades mais bem estruturadas.
Ele explica que o projeto realiza duas missões por mês ao longo do ano, que duram em média de 7 a 10 dias. Santarém, terceira maior cidade do Estado do Pará, é o local de onde as expedições partem. “Nesta minha última participação, permanecemos na Comunidade Mirí-Centro que ficava 8 horas de barco de Santarém”, comentou. A referida comunidade pertence ao município de Juruti, localizado junto à mesorregião do Baixo Amazonas, distante quase 1.600 km de Belém, a capital do Pará.
O barco leva, conforme relatou, além de 12 profissionais da área médica de diversas especialidades, dentistas e radiologistas (todos voluntários), uma equipe de apoio composta por enfermeiro, técnicos em enfermagem técnicos de raio X, laboratório e, é claro, a tripulação.
A somatória de uma equipe multidisciplinar altamente qualificada com equipamentos e insumos adequados, permite, segundo Dr. Murillo, “Levar assistência médica e odontológica, com cirurgias, consultas com especialistas, exames de laboratoriais e imagem (RX, ultrassom, mamografia, ecocardiograma, eletrocardiograma) a uma população que tem grande dificuldade ao acesso dos serviços de saúde”.
Do ponto de vista pessoal, faz questão de enfatizar que se trata de uma “Experiência única”, centrada, segundo suas palavras na necessidade de “Ajudar uma população bastante carente”. Recomenda aos colegas de profissão, em havendo possibilidade, viver essa experiência. “Recomendo muito a todos colegas a participar do projeto. Trata-se de um momento único, em poder conhecer um Brasil bem diferente do eixo dos grandes centros. Retornamos renovados, reflexivos e sempre trazemos conosco muito mais experiência, gratidão, amor, carinho do que levamos”, completou.
Inspiração papal
O nome que batiza o hospital flutuante é uma homenagem ao atual Papa, porquê, segundo a organização católica Associação e Fraternidade São Francisco de Assis na Providência de Deus, foi o Santo Padre quem indicou, duramente a realização da Jornada Mundial da Juventude ( Rio de Janeiro em 2013), que os religiosos deveriam dar maior atenção aos povos amazônicos.
Essa narrativa consta na página oficial da Associação – que tem origem em São José do Rio Preto, interior de São Paulo. “Na ocasião, o Papa perguntou ao Frei Francisco se a Associação e Fraternidade estava presente na Amazônia. Quando o Frei Francisco respondeu ‘Não!’, imediatamente o Santo Padre disse: ‘Então devem ir!’. Foi dessa forma que os gestores da Associação decidiram levar ao pé da letra o pedido do sumo pontífice.
Outra curiosidade envolve a origem dos recursos que foram fundamentais para que a ideia saísse do papel e ganhasse apoio de órgãos governamentais e da iniciativa privada. Eles têm origem em uma ação trabalhista de indenização de dano moral coletivo firmado, em 2013, pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT 15 – Campinas) com a empresa Raízen Combustível (antiga Shell/Basf) e o Ministério Público do Trabalho.
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