Seguindo uma tendência que já se tornou uma realidade em cidades de grandes e médio portes, Itapira já figura no rol daquelas onde o crescimento dos chamados “crimes cibernéticos” já supera aquelas ocorrências mais convencionais como furtos e roubos. Conforme esclareceu o escrivão de polícia Anthony Chaim Boretti, em Itapira são pelo menos três modalidades que mais têm exigido empenho das autoridades policiais.

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O primeiro diz respeito à emissão de boletos falsos, onde os casos mais comuns se referem ao pagamento de compromissos contraídos junto a instituições financeiras atuam na compra de veículos. Segundo Chaim, os criminosos agem de forma ardilosa, se fazendo passar por agentes destas instituições, enviando mensagens por WhatsApp “avisando” sobre uma suposta irregularidade em pagamento e depois de combinar com a vítima, expedem um novo boleto com todas as características originais da instituição financeira, só que o pagamento, se efetuado, vai para a conta de um “laranja”.

“Muito importante que ao efetuar um pagamento, a pessoa confira se o destinatário do depósito é de fato a empresa com a qual se relaciona. Caso apareça um destinatário que não tem nada a ver, não faça o pagamento”, ensinou

Outras duas modalidades em alta têm como alvo o pagamento via PIX. Uma delas costuma ser mais utilizada em períodos como feriados prolongados (como por exemplo os festejos do carnaval). O criminoso, de posse da informação que determinada pessoa viajou com a família, munido de detalhes da rotina da vítima selecionada, liga para um parente próximo relatando um acidente e pedindo ajuda financeira para resolver um problema imediato “Aí, a pessoa imaginando mesmo que está lidando com o parente, faz uma transferência de pix para a conta indicada”, detalhou Chain. “A farsa geralmente dá certo pelo fato da pessoa contatada agir em situação de desespero. Recomendamos que a pessoa acionada, primeiramente, esgote todas as formas de contato com o parente que supostamente fez o pedido, ou então com algum familiar que o acompanha naquele momento, para se certificar de que não está caindo em um golpe”, recomendou.

Redes Sociais

Outro caso bem comum segundo o policial, diz respeito via de regra a pessoas do sexo masculino, as quais, seduzidas em suas redes sociais pela aparição de uma garota atraente e sedutora, acabam interagindo com o suposto “affair”. Ao final, a vítima acaba tendo suas conversas, fotos e vídeos íntimos, capturadas por um bandido que tramou toda aquela situação.

Em ato contínuo, o criminoso irá extorquir a vítima (quase sempre um homem casado) exigindo pagamentos instantâneos (PIX) para não cumprir suas ameaças. “A vida da pessoa vira um inferno. O criminoso avisa que a conhece na intimidade, onde trabalha, quem é sua esposa, nome dos filhos e assim por diante. Passa a exigir cada vez mais dinheiro e quando a vítima se vê numa situação que não tem mais como se livrar do achaque, vem aqui na Delegacia”, relatou.

Por fim, um caso que tem crescido e cujo alvo preferencial são as pessoas mais idosas, guarda relação com pedidos de instalação de um App chamado Any Desk. De forma maliciosa, o criminoso se faz passar por um operador, geralmente de instituição bancária, alertando a vítima que desconhecidos tentaram fazer pagamento usando seu cartão. E aí oferece a facilidade da instalação de um aplicativo que vai permitir o monitoramento e o bloqueio de cartão sempre que necessitar. “Na verdade, a vítima estará fornecendo para o criminoso toda sua movimentação bancária, como senhas e saldo. Por isso, quando tiver alguma dúvida nesse sentido, o correto é que esse correntista se dirija ao banco com o qual trabalha e tire suas dúvidas lá. Nunca deve fornecer informações para pessoas estranhas, ainda que pareçam convincentes”.

Crimes do Futuro

Anthony Chaim explica que a equipe da Polícia Civil da Depol local passa com certa regularidade por treinamentos específicos visando o combate dos crimes cibernéticos. De acordo com sua avaliação, os bandidos estão migrando para uma modalidade de crime que lhe garante agir nas sombras, com risco menor de ser apanhado do que uma ação mais ostensiva como furtos, roubos e assaltos. “Cada vez mais será necessário que o Estado aprimore os mecanismos para coibir para fazer frente a estes criminosos”, completou.

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