O itapirense Artur Galizoni Caversan, 42, esteve presente novamente em mais uma edição do L´Etape du Tour, competição de ciclismo amador onde os participantes percorrem uma etapa do Tour de France dias antes da passagem dos profissionais.

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A prova, realizada no dia 6 de julho, contou com 16 mil inscritos de 90 países. Cerca de 15 mil alinharam para a largada, com participação recorde de quase 100 brasileiros.

Nesse ano, o percurso escolhido foi o da 20ª e penúltima etapa do Tour de France, com largada na cidade de Nice, na Riviera francesa, e chegada em Col de la Couillole, montanha localizada no Parque Nacional do Mercantour.

Foram 138km de distância com quatro montanhas, totalizando mais de 4.600 metros de desnível positivo. Além da montanha da chegada, os ciclistas passaram pelo Col de Braus, Col de Turini e Col de la Colmiane.

“Em termos de quilometragem, foi um L´Etape mais curto que a média, porém, quando analisamos a altimetria acumulada, os números impressionam”, destacou Caversan.

“Podemos dizer que a corrida foi 100% realizada subindo ou descendo. Tirando a largada dentro da cidade, não tinha um trecho plano. Havia pequenos alívios na base das montanhas, onde recuperava e aproveitava para ingerir géis e barras de carboidratos. Logo inclinava novamente.”

Outro ponto importante no percurso, foram três longas descidas, de nível técnico elevado, que exigiram atenção máxima. “As estradas dessa região são estreitas e sinuosas e geralmente há uma irregularidade na sequência de curvas. De repente, aparece uma curva fechada do nada e nos pega de surpresa. É diferente dos Alpes, que corri em 2022, onde apesar das descidas serem mais longas e o número de curvas maior, você conseguia ter uma visão melhor do que vinha pela frente.”

A prova

Na largada, o evento monta uma grande estrutura, havendo uma divisão em 16 Grupos com mil ciclistas cada, onde os mais rápidos largam nos primeiros grupos, de acordo com critérios técnicos da organização. Há um intervalo de 6 minutos para cada largada. O itapirense foi selecionado para o primeiro grupo, devido a colocação na prova de 2022 (243º na Geral), largando pontualmente às 7 horas.

Em conversa com o Tribuna, Caversan contou um pouco sobre a experiência do evento, que teve presença de ex-ciclistas profissionais, como o campeão olímpico em Londres 2012 Alexander Vinokurov, do Cazaquistão, e o paranaense Luciano Pagliarini, um dos últimos representantes brasileiros em equipes World Tour, a elite do ciclismo mundial.

Caversan disse que a largada foi controlada nos primeiros 3 km e logo no início da primeira subida, uma surpresa. “Senti um empurrão pelas costas e alguém me fala: – boa prova Brasil! Quando me viro, era ninguém mais ninguém menos que Luciano Pagliarini, o maior velocista da história do ciclismo brasileiro”

“E logo iniciou-se o Col de Braus, coloquei um passo forte e nunca mais vi Pagliarini. Minha prova se desenrolou bem e consegui subir num ritmo acima do esperado a segunda montanha, o Turini, um colosso de 21 km a 5,7% de pendência média. Na terceira montanha, o Col de la Colmiane, sou alcançado por um ciclista que me chama. Era o brasiliense Vitor Meira, que além de ótimo piloto de carros é ciclista amador de altíssimo nível. E pasmem, no alto de seus 47 anos, me passou como uma moto, desaparecendo morro acima”

“Durante toda a prova, na passagem por vilas e cidadezinhas, toda a população ficava nas ruas acompanhando a passagem dos ciclistas. É impressionante como a camisa do Brasil chama atenção. Ouvi por várias vezes a curiosidade do público, apontando que tinha um brasileiro passando. Também era indagado por outros ciclistas, surpresos com um brasileiro que viajara tão longe para participar”

O ciclista frisou o desgaste durante a prova. “Aos pés do Col de la Couillole, com seus 15,7 km, o desgaste já tomava conta e o corpo pagava o preço das três montanhas anteriores. Foram 1 hora e 16 minutos de subida, onde a força mental teve que prevalecer em relação as pernas.

Caversan concluiu a prova em 6h05m47s, ficando na 510ª posição na classificação Geral, sendo o 5º brasileiro mais bem classificado. “Foi mais uma grande experiência e vários aprendizados”, finalizou.

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