A Prefeitura Municipal vem anunciando desde o ano passado o interesse em reformar e revitalizar o Mercado Municipal para que o local seja mais atrativo à consumidores e comerciantes, tendo mais uma “cara de mercadão”. Além da motivação, o Ministério Público pressionou o Executivo de que um processo de licitação para uso do prédio, que é público, fosse realizado, algo que nunca ocorreu nas últimas décadas.

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Fato é que existem permissionários no Mercadão, que utilizam os boxes do espaço, muitos deles presentes a mais de 40 anos no local. Diversas reuniões foram realizadas com os mesmos junto ao poder público e, em agosto de 2022, foi determinado um prazo de seis meses para que todos os espaços fossem desocupados, permitindo o início da reforma e a posterior licitação para uso comercial.

O prazo colocado pela prefeitura se expirou no dia 31 de janeiro, porém, ao final do determinado dia, os comerciantes ainda ocupavam os espaços do Mercadão. Devido ao fato, assim como apurado pela reportagem, o poder público municipal realizou a troca dos cadeados do prédio e informou aos comerciantes que seria permitido apenas a entrada e saída dos colaboradores para a retirada de mercadorias.

Em contato com o Tribuna de Itapira, o secretário de negócios jurídicos, Mário da Fonseca, informou que “os comerciantes foram avisados que os que não concluíram a retirada das mercadorias até a tarde do dia 31 terão um prazo máximo de quinze dias para retirar”. Ainda segundo Fonseca, “um servidor da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente ficará responsável pela abertura do portão exclusivamente para retirada das mercadorias durante período. Reiteramos que a partir do dia 1 não haverá mais nenhum tipo de atividade comercial no local”. Sendo assim, até o próximo dia 15 tudo deverá estar “liberado” dentro do Mercadão.

PROTESTO

A medida não foi nem um pouco bem recebida pelos comerciantes do local. Em forma de protesto, eles “montaram” suas vendas em mesas na parte externa do Mercadão, mais precisamente na calçada da Rua Bento da Rocha. Até uma faixa com os dizeres “Prefeito só queremos trabalhar” foi colocada bem na esquina do prédio.

O Tribuna esteve presente na manhã do dia primeiro de fevereiro, data que marcou a desaprovação da medida por parte dos comerciantes. De acordo com Marcelo Robson aparecido da Silveira, um dos comerciantes de longa data do Mercadão, foram diversas tentativas de conversa com a prefeitura para se tentar estabelecer um novo prazo que, segundo Silveira, o que foi dado não foi suficiente.

“Para a feira é mais fácil mudar. Pra gente é muito diferente, tem que levar as mercadorias que temos para outro lugar que possamos nos estabelecer. Eu estou construindo uma nova loja, só que isso demanda tempo. Na época falei para o Mario que seis meses não daria tempo. Teria que ser pelo menos um ano. Eles disseram que “imagina, se precisar mais um ou dois meses agente negocia”. Fomos procurar outros locais mais as vezes não acha um que dá certo”, comentou.

Ainda segundo Silveira, requerimentos foram enviados à prefeitura e, no momento, todos aguardam um posicionamento de uma juíza que está responsável pelo caso após todos terem entrado na Justiça. “O Sindicato do Comercio e a Associação Comercial protocolaram um requerimento à prefeitura com pedido de prazo até julho, mas foi negado. Demos a sugestão de iniciar a reforma pelos fundos para termos mais tempo. No dia 16 janeiro foi feita uma reunião e ai falaram que não iria dar o prazo. Eles não querem mais conversar com agente. Estamos esperando uma resposta da juíza. Ficamos chateados porque fechou nosso ponto de trabalho e temos nossas contas para pagar”, disse.

Adriana Puggina, outra comerciante do Mercado Municipal, que possui loja da família que está presente a mais de 40 anos, se preocupa com suas mercadorias, por serem perecíveis, e da forma como a situação vem sendo levada pela prefeitura. “Achamos que dariam um prazo a mais pra gente, até porque foi isso que nos diziam. Tenho doces e bebidas com prazo de validade. Agente é trabalhador e pagamos os carnês para permanecer no local tudo em dia. Nunca falamos que não iriamos sair ou que éramos contra a reforma do Mercadão”, comentou.

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