A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada para apurar o caso dos “áudios vazados” produziu seu relatório final do processo. A conclusão foi realizada no último dia do prazo regimental após a prorrogação da CPI. A decisão da comissão foi determinar a perda temporária de mandato da vereadora Maísa Fernandes (PSD), autora das gravações que vazaram em redes sociais, e com o texto aprovado em Plenário, o mesmo foi encaminhado à Comissão de Ética da Câmara e Ministério Público.

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Em sua conclusão, vereador Fábio Galvão dos Santos (PSD) informou que as gravações realizadas por Maísa “é uma atitude que fere os princípios básicos da ética e da decência que devem reger a atuação dos representantes do povo” e determinou que “a sanção imposta por essa Comissão é a perda temporária de mandato”.

Conteúdo dos áudios é “deixado de lado”

O teor das gravações feitas por Maísa e que vazaram mostraram um pouco dos bastidores da política itapirense. Foram citados, por exemplo, distribuição de verba, apoio por troca de favores e até secretarias municipais aparelhadas com interesses particulares de agentes políticos. Todas as situações envolveram pessoas que fazem parte do grupo do atual Prefeito.

Porém, as situações expostas não demandaram nenhuma indicação de uma melhor apuração ou investigação na conclusão dos trabalhos da CPI. Durante as oitivas, tudo foi tratado como “fofoca” e “conversa de bar” pelos envolvidos, o que, de certa forma, serviu para os mesmos como uma maneira de amenizar as possibilidades de corrupção que supostamente foram citadas.

Nas considerações do Relator, foi citado que “A atenuante que se pondera por esta Comissão é que não ficou comprovado que a manipulação das informações divulgadas nos áudios fora feito pela investigada, e, que a mesma já está no polo passivo de demandas judiciais respondendo por tal feito”.

A questão de manipulação de informações remetem ao fato de que os envolvidos, de maneira unânime, afirmaram que as conversas foram editadas para se criar narrativas, ou seja, foram montadas para indicar uma situação que não foi parte da real conversa.

Cabe destacar que Maísa indicou que acabou sendo enganada por um servidor, que salvou as conversas gravadas em seu computador no momento em que a vereadora foi devolver o aparelho gravador e ele é quem teria divulgado os áudios. Durante as oitivas, a vereadora se recusou a indicar quem seria o servidor que, segundo ela, foi quem divulgou as gravações.

O vereador Leandro Sartori, um dos que propuseram a abertura da CPI, disse ao Tribuna que “Não ficamos satisfeitos com o geral, achamos que deveria ser mais aprofundado a apuração dos conteúdos dos áudios, a falta de um membro da bancada oposicionista resultou nisso”.

Importante destacar que a formação da comissão da CPI foi polêmica, já que reuniu apenas membros que dão apoio ao Prefeito. O fato chegou até o Ministério Público, que solicitou as atas da referida sessão para análise, porém, durante os meses que correu o processo da CPI, nenhum parecer oficial do MP foi divulgado em cima do fato.

Prefeito

As conversas com agentes públicos e políticos gravadas por Maísa envolveu pessoas ligadas ao Prefeito Toninho Bellini, seja em relação a vereadores que compõem sua base no Legislativo, como candidatos que participaram das últimas eleições e apoiaram o atual chefe do Executivo.

Após o vazamento das conversas, as mesmas viralizaram por grupos de WhatsApp locais e também pelas redes sociais. A imprensa do município, como o Tribuna de Itapira, abordou o tema, inclusive, a reportagem do Tribuna do dia 13 de julho foi a base de conteúdo oficial utilizada para a formação da CPI.

Como o Prefeito Toninho Bellini também foi gravado por Maísa, a CPI – composta por membros da situação, optou apenas por solicitar esclarecimentos por escrito ao chefe do Executivo, diferentemente dos demais que foram chamados para as oitivas.

Em sua resposta, o Prefeito “negou conhecimento de qualquer tipo de gravação” e “Afirmou não ter nada a declarar ou esclarecer sobre os referidos áudios pois nunca foi informado sobre a existência ou o conteúdo deles”.

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