As ações dos criminosos têm sido cada vez mais frequentes no município e levado temor à população. Esses números chegaram a níveis alarmantes no segundo semestre de 2021. Ano passado, mesmo sem contabilizar dezembro – já que a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo disponibilizou até sexta-feira passada, 07, apenas os dados de janeiro a novembro – o número de roubos em Itapira chegou a 117, e furtos a 539. Os veículos são um dos maiores alvos. Foram 74 roubos e 132 furtos. O Delegado de Polícia Civil de Itapira, Anderson Cassimiro de Lima, conversou com a equipe do Tribuna sobre a situação que chamou de ‘surto de furtos e roubos’. De acordo com investigação da corporação ele relatou que muitos casos envolvem jovens meliantes que saem de outras localidades par atuarem em Itapira. Comentou sobre ações conjunta com Polícia Militar e Guarda Municipal, além de orientar a população a se cuidar e não se colocar em situações vulneráveis.

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Jornal Tribuna de Itapira: Está havendo uma ‘onda de crimes’ na cidade?

Delegado Anderson Cassemiro de Lima: Está havendo um surto de furtos e roubos no município que começou a chamar a atenção dos órgãos de segurança nos meados do ano passado e veio a se agravar no final do ano. Não é característica do município de Itapira (essa quantidade). Diante dos casos com que estamos trabalhando e principalmente dos já esclarecidos percebemos algumas situações. No caso dos furtos, percebemos que houve aumento onde os envolvidos são moradores de rua. A solução disso envolve além do trabalho de segurança também um trabalho social, tema que foi inclusive conversado na última reunião do Comseg (Conselho Municipal de Segurança). É um trabalho multifacetário que envolve várias frentes, e a Prefeitura com o Serviço de Promoção Social, por exemplo. Acreditamos que com o passar dos meses esses números de furtos devem cair.

E sobre os roubos?

Roubos já envolve uma situação diferente. O que temos vistos, tomando por base dos crimes que estamos trabalhando e elucidando, é que há uma migração de criminosos de outras cidades quem veem à Itapira e acabam realizando roubos no município. São geralmente jovens entre 20 e 30 anos, alguns deles sem passagem pela polícia, porém, boa parte geralmente respondendo pelo crime de tráfico de drogas. E com essas mesmas características também encontramos elementos do município praticando esse tipo de crime.

Como coibir esses crimes?

Efetivamente quando a gente fala de segurança pública a gente trabalha com dois nortes: a prevenção propriamente dita, feita pela Polícia Militar e Guarda Civil Municipal, ou seja, o policial estando na rua o que acaba inibindo a ação do meliante. A outra parte é a Polícia Civil, que acontece após a ocorrência do crime. A segurança pública se une para evitar que o crime acontece.

Tem sido realizado alguma ação para coibir esses crimes na cidade e elucidar casos?

A Polícia Militar utiliza o termo de saturação. Então a gente pôde notar que nos últimos meses Itapira recebeu um reforço no policiamento ostensivo. Isso vem de uma forma bastante efetiva coibir a ação dos criminosos. Por outro lado, a Polícia Civil tem investigado os crimes, e do meio do ano para cá, estamos esclarecemos dois a três roubos por mês, relativos a casos mais graves. Por muitas vezes saímos até as cidades vizinhas, como Mogi Mirim, Mogi Guaçu, Arthur Nogueira, e até mais longe, como na cidade de Cosmópolis, para elucidar crimes. No caso de furto de veículos boa parte acabamos recuperando em cidade como Mogi Mirim. A gente tem conversado muito com a PM e com a GM e há estabelecido um plano de ação de médio e longo prazo. Como por exemplo as instalações da chamada muralha digital, que é a implementação de câmeras de segurança, integradas com sistema de segurança público e privado, de forma que o policiamento se torna mais efetivo, podendo analisar mais rapidamente informações, como placas dos veículos e compartilhar entre as forças policiais. Esse tipo de serviço possibilita que de imediato acontecendo o ilícito todas as forças são avisadas, e a elucidação de crime é muito alta. Nós da Polícia Civil, junto com o comandante da PM de Itapira, Capitão Fábio José Vieira Santos, o comandante da GM Mirovaldo Farabello, o secretário de Defesa Social, Coronel Antônio José Rodrigues Gonçalves de Almeida, todos trabalhamos de forma conjunta e integrada com objetivo de responder o anseio da população.

A cidade oferece algo específico que favoreça essa migração de outros criminosos?

Historicamente Itapira não é uma cidade de crimes violentos. Isso faz com que em determinado momento a população baixe um pouco a guarda. Os números dos crimes aumentando causa um certo temor, o que é esperado. As pessoas precisam ter a noção da segurança. Ou seja, evitar se pôr em uma condição de vítima, como por exemplo parar no portão ao adentrar à residência o que facilita a ação do bandido. Na maioria dos roubos de residência a pessoa é abordada na entrada ou saída de casa. Algumas coisas básicas a gente precisa tomar por costume como: não fazer mesmo caminho de casa; alterar horários de entrada e saída; observar os arredores da residência; acionar as forças policias em situações suspeitas; mas jamais se expor.

E sobre as redes sociais?

Esse é outra situação que favorece os bandidos. As pessoas se expõem de forma exacerbada, e trazem informações da sua rotina, facilitando o ato do meliante. A pessoa entrega as informações de bandeja. Tivemos uma situação onde o alvo dos ladrões era um determinado tipo de veículo. E eles pesquisavam nas redes sociais para saber onde teria exatamente esse veículo.

Os crimes de furto e roubos estão aumentando em todos os lugares?

É um fenômeno que vem acontecendo na região como um todo. Quando a gente trabalha com bandidos fora de nossa área de atuação a qualificação e identificação fica mais difícil. E eles sabem disso, então eles atuam em outras cidades.

Como a população pode colaborar com a Polícia Civil?

Com o trabalho investigativo. Na maioria das vezes a gente depende muito do comprometimento da vítima com o trabalho policial. Às vezes a gente percebe que o registro, o boletim de ocorrência, é feito apenas para garantir o acionamento do seguro. Isso dificulta o trabalho. A gente entende a preocupação da vítima em não se expor e mesmo o trauma da ocorrência, mas é com a participação dela que nosso trabalho fica mais efetivo. E isso vai transformar a vida de todo mundo mais seguro. Quanto temos mais detalhes no boletim a investigação é melhor. Contamos com a predisposição das pessoas em trabalhar junto. Em trazer informações, conversar com os investigadores. Como temos efetivos reduzidos, às vezes uma pequena informação traz um ganho de investigação muito grande, que economiza até seis meses de trabalho.

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