O Astronauta e ex-ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, palestrou em Itapira na noite de sexta-feira, dia 8, no Núcleo Assistencial Espírita Cristão Chico Xavier. O primeiro brasileiro a ir ao espaço contou um pouco sobre sua trajetória de vida em uma palestra com caráter motivacional. A reportagem do Tribuna de Itapira realizou uma entrevista exclusiva com Pontes, onde foram abordados temas como a viagem ao espaço e os trabalhos realizados no governo federal.

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Tribuna: Você foi o primeiro astronauta brasileiro. Como é ver a terra do espaço, como foi essa sensação?

Pontes: É uma mistura de satisfação, afinal de contas, é uma vida de trabalho para chegar ali. Por outro lado, você se sente muito insignificante, mas ao mesmo tempo, percebe-se que fazemos parte de algo muito maior. Se nosso planeta desaparecer, o universo será diferente e em relação a ele a Terra acaba sendo insignificante. Cada um de nós é insignificante perante a Terra e o universo, mas se algum de nós desaparecer a terra será diferente sem essa pessoa. O que isso quer dizer? Tudo que somos é parte do universo, então se eu fizer mal pra você estarei fazendo mal para uma parte minha e se eu fizer o bem, farei o bem para mim também. Diria que a visão do espaço transforma a maneira como você enxerga a vida, ela transforma o sentido de você ser mais humano.

Com o desenvolvimento tecnológico, existem empresas que hoje estão investindo no turismo espacial. Como você analisa essa novidade?

Eu acho muito importante e um avanço do programa espacial. Se formos analisar o começo da aviação comercial, antes só haviam os voos com os pilotos que estavam criando os aviões, como Santos Dumont, depois militares, até o transporte de passageiros e isso revolucionou a aviação, por que a partir desse momento a aplicação comercial daquele novo tipo de equipamento permitiu o desenvolvimento do mesmo. Agora é a mesma coisa. O programa espacial começou por causa do medo, na época entre EUA e União Soviética, se desenvolveram tecnologias com isso, depois veio com aspecto mais científico, até entrar a questão comercial. Isso é uma oportunidade muito grande para novas empresas, novos negócios, mas o cuidado tem que ser muito grande, principalmente nas primeiras viagens tripuladas. Existem riscos envolvidos. Se você perder um turista, isso pode atrapalhar todo o processo que foi desenvolvido até o momento.

Qual o principal projeto que você destacaria como ministro?

Destacaria as vacinas. Antes mesmo de começar a pandemia no Brasil eu criei uma rede de pesquisadores, especialistas em viroses emergentes. Eles me deram todas as diretrizes para seguir no ministério, que é onde se desenvolvem novos remédios, novas vacinas, pesquisas e alimentamos o Ministério da Saúde com isso. Quando eu comecei a falar em fazer vacina, tinham pessoas que davam risada, que era impossível o Brasil fazer vacinas. Quando eu falava em ser piloto lá atrás quando eu era eletricista, falavam que isso era impossível. Eu não só virei piloto como virei astronauta. As pessoas otimistas são corajosas, que vão e fazem as coisas, eu faço parte desse time. Como ministro, eu sempre fiz questão de desenvolver um Brasil na tecnologia e hoje o que a gente tem?  Um país independente no desenvolvimento de vacinas. Isso é um fato histórico. O Brasil nunca desenvolveu vacinas para seres humanos. Criei o Centro Nacional de tecnologias de vacinas e esse centro congrega diversas tecnologias e produz insumos farmacêuticos. Seremos capazes de fazer vacinas para a dengue, chikungunya, febre amarela e tudo isso desenvolvido no Brasil.

Como você analisa o nível dos projetos espaciais no Brasil?

O Brasil sempre teve um potencial muito grande. Nós somos um dos primeiros países a entrar no programa espacial mundial. Nós somos um dos primeiros a começar a voar. O Brasil tem uma vocação para isso. Quando eu cheguei no ministério dei um empurrão no programa espacial. Nós conseguimos, por exemplo, lançar quatro satélites, um deles completamente nacional. Temos o Centro Espacial de Alcântara em condição de operação comercial. Hoje, conseguimos colocar investimentos de R$ 200 milhões para o desenvolvimento de satélites e de foguetes.

Qual a mensagem que o Marcos Pontes quer passar com a palestra?

É possível. O Brasil tem que deixar de ter “síndrome de cachorro vira lata”. Devemos ter orgulho do Brasil. Vou apresentar a minha vida até agora. Estou agora com essa nova missão de ser pré-candidato a deputado federal pelo estado de São Paulo, para dar continuidade a esse trabalho. Quero que todos saiam da minha palestra com aquele espírito de que temos orgulho do nosso país.  

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