A comemoração passou meio que despercebida, mas com certeza foi objeto de muito orgulho e reflexão no convívio pessoal e familiar. Mas fato é que neste ano de 2024, o médico cardiologista Dr. João Carlos de Oliveira, 78, o “João Teté”, como é carinhosamente conhecido, um dos mais experientes e respeitados profissionais da medicina aqui em Itapira, completa 50 anos do exercício da medicina.
Ele atendeu recentemente a reportagem da Tribuna de Itapira em sua residência, para falar a respeito deste marco importante não somente para ele, mas com certeza, para a atividade médica da cidade.
Filho do saudoso comerciante Alair de Toledo Oliveira, o “seu Teté”, que faleceu em 2006 aos 84 anos de idade, João Carlos antes de prestar vestibular e seguir para a então Faculdade de Medicina do Estado da Guanabara (que mais tarde seria “refundada” como Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a FCM-Uerj), passou pelos bancos da atual Escola Estadual “Júlio Mesquita e do antigo IESO, a atual Escola Estadual “Elvira Santos de Oliveira”, assim como os dois irmãos, o médico veterinário José Alair de Oliveira e o doutor em Educação Física aposentado, Paulo Roberto de Oliveira, o Paulinho Teté.
Na conversa com o TRIBUNA, Dr. João Carlos falou das dificuldades que representou a “ruptura do cordão umbilical” que o prendia a Itapira, a partir das novas atribuições que abraçou ainda muito jovem.
Falou de decisões de cunho pessoal, como morar perto da escola, que lhe permitiu, por exemplo, de residir em um local densamente povoado (o bairro de Bonsucesso) com todos os problemas ainda hoje conhecidos no âmbito sociológico, autoprivando-se de se fixar em locais mais conhecidos, que faziam (e ainda fazem) a fama da “Cidade Maravilhosa”.
O processo de formação exigia intensa dedicação, não raramente sendo conduzido a plantões em Hospitais e Prontos Socorros públicos, onde a precariedade era muitas vezes relativizada em nome da necessidade de “aprender corretamente” a futura profissão.
Escolha
Na medida em que o curso avançava, tornava-se mais estreito o prazo para ingresso na residência médica, também no Rio de Janeiro, quando realizou uma imersão nos plantões intermináveis que mais tarde seriam decisivos para a escolha da especialização médica, cuja opção acabou recaindo sobre a cardiologia
O motivo da escolha, conforme segredou, guarda relação com um caso familiar, a morte por problemas associados ao uso do cigarro e a saúde frágil do tio Carlos Bueno de Oliveira. “A forma como ele adoeceu e acabou morrendo me impactou muito”, recorda.
João Teté foi colega de turma de um ícone da medicina regional, o médico
Raji Rezek Ajub, que faleceu em maio em Mogi Mirim, aos 76 anos. Fez questão de lembrar que neste ano também, outro colega dos mais respeitados no ramo da medicina aqui na cidade, Dr. Aluísio de Salvi, festejou recentemente, seus 50 ano de formatura.
Avanços
Quando retornou a Itapira, “formado e especializado”, a cidade tinha somente um médico cardiologista, Mosasi Mituzaki, de 85 anos, ainda hoje na ativa. “O Mosasi foi e continua sendo meu mestre”, elogia João Carlos. Em seguida, O TRIBUNA quis saber se ele imaginava lá atrás como seria a medicina nos dias atuais, com todos os avanços tecnológicos.
“Nem nos meus mais profundos sonhos iria imaginar tudo o que a medicina oferece hoje, principalmente em relação ao diagnóstico por imagem. Algo revolucionário”, disse João Carlos.
Ele e os colegas da “velha escola” contam ainda com a vantagem de um tipo de prática, a qual, segundo entendidos, vem perdendo a relevância no ensino da medicina, que é o diagnóstico cuidadoso baseado na investigação e na observação, como a apalpação, percussão e auscultação.
João Carlos ‘Teté’ relata ainda que jamais se descuidou nesses anos todos de se manter atualizado em relação às novidades que surgem a todo instante em sua área de especialização. Revela que tem feito bom uso de ferramentas tecnológicas que lhe permitem frequentar ainda que à distância, alguns dos mais importantes simpósios e cursos de atualização dentro da área médica.
Indagado a respeito de até quando pretende continuar clinicando, João Carlos foi taxativo ao afirmar que enquanto se sentir apto, não pensa em aposentadoria. “Quando a gente faz aquilo que gosta, envolve também satisfação pessoal”, justificou.
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