Um movimento que não se trata propriamente de uma novidade ganha consistência também em Itapira. Trata-se do “empoderamento” do público feminino junto aos organismos de Segurança Pública que, tradicionalmente, não faz tanto tempo assim, eram considerados um “feudo” dos homens.
A importância da presença feminina na cidade se faz sentir notadamente na Polícia Civil, Guarda Municipal e na Polícia Militar. “A presença das policiais nos assegura equilíbrio no comportamento da corporação”, atesta o comandante da 3ª Companhia de Polícia Militar de Itapira, Major Luciano Lupino Marques.
Capitão Lupino revela que são atualmente cerca de 5 policiais do sexo feminino atuando em Itapira e que todas elas cumprem tarefas diversas, inclusive no policiamento ostensivo. “Caso necessário que alguma delas seja obrigada ir para o enfrentamento direto, aliás como já ocorreu recentemente, estão devidamente preparadas”, atestou. O atual comandante destaca ainda que do ponto de vista protocolar, a presença feminina é extremamente valiosa também quando a ocorrência envolve, por exemplo, delitos relacionados ao próprio público feminino, citando resoluções ligadas à Lei Maria da Penha.
A Guarda Municipal de Itapira, corporação com 25 anos de atuação, celebra a condução pela primeira vez em sua história de uma mulher no comando, a agente Patrícia Zacariotto, que assumiu o posto de forma oficial na quarta-feira, dia 1º de março. Na Polícia Civil, a investigadora Lígia Petri foi conduzida na chefia do prestigiado Setor de Investigações Gerais (SIG) da DEPOL de Itapira. O comando da Delegacia Seccional de Mogi Guaçu, vem sendo ocupado desde 2021, por uma itapirense, a delegada Dra. Edna Elvira Salgado Martins.
Lígia deixou carreira jurídica para se tornar policial
Natural de Amparo, a investigadora Lígia Petri Geraldino, integra os quadros da Delegacia de Polícia de Itapira desde 2017, para onde veio designada depois de passar no concurso da Polícia Civil. Antes de se tornar chefe do SIG (Serviços de Investigações Gerais), a partir de 2021, exerceu atribuições no Plantão Policial e junto à Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), adquirindo a bagagem necessária para o desempenho das atuais atribuições.
Antes de se tornar policial, Lígia advogou por vários anos na área previdenciária. Foi, segundo aquilo que contou para o TRIBUNA, “uma vocação irresistível” que a levou a prestar concurso para investigadora. “Desde pequena sonhava em me tornar policial. Sempre curti muito filmes e séries policiais. Sabia que algum dia eu acabaria ingressando na polícia”, revelou.
O caso de Lígia ilustra bem o processo de renovação que vem ocorrendo em nível da Polícia Civil do Estado de São Paulo, com o ingresso de muita gente nova e determinada. Em Itapira, a equipe por ela comandada possui perfil bastante jovem. Comentou que o serviço exige muita dedicação e elogiou o empenho dos colegas. “Não tem refresco. Para todos nós é trabalho duro todos os dias”, afirmou.
A reportagem quis saber dela se às vezes não bate uma sensação de que o exercício de sua atividade não se compara à “arte de enxugar gelo”, dado o fato de que tanto esforço nem sempre resulta na punição de criminosos tirados de circulação pelo trabalho dela e dos colegas. Segundo Lígia, a situação guarda relação com o arcabouço legal. “Temos que nos pautar sempre pelos aspectos legais. Agora, se algo não está funcionando adequadamente, talvez seja o caso de reformar as leis”, pontuou.
Patrícia se torna primeira comandante da GMC de Itapira
Em seus 25 anos de funcionamento, pela primeira vez, desde quarta-feira, primeiro de março, a Guarda Civil Municipal de Itapira tem uma mulher no comando. Trata-se de Patrícia Aparecida Zacariotto, que festeja 20 anos de ingresso na corporação. Ela substitui o colega Mirovaldo Farabello, que vinha ocupando o posto desde o início da atual administração (janeiro de 2021) e ao qual direcionou muitos elogios. “O Farabello realizou um excelente trabalho. Será uma responsabilidade muito grande substituí-lo”.
Em conversa com o TRIBUNA, Patrícia, mãe de Isadora, de 10 anos, falou com entusiasmo a respeito das novas atribuições, assegurando que conta com o apoio de todos os colegas. “Minha indicação foi muito bem recebida. Foram muitos os cumprimentos e as palavras de incentivo que vieram dos colegas e espero fazer jus à expectativa criada realizando um bom trabalho”, comentou. Ela considera que sua condução ao comando da GCM se deveu a uma combinação de fatores, entre os quais, o fato de até recentemente, antes da promoção, ocupar a função de subcomandante e, é claro, por merecimento. “Acabou sendo um movimento natural”, opinou.
Patrícia revela que antes de ingressar por concurso na GCM, trabalhava como fiscal de caixa, período em que cursava Direito. Foi nessa época que foi criada a “classe especial” da GM e ela decidiu prestar o concurso. “Quando vi o edital do concurso para preenchimento da classe especial imaginei que seria uma boa oportunidade para ingressar em uma carreira profissional diferente de tudo o que tinha feito até então. Eu me senti muito motivada”, relembrou.
A partir de seu ingresso, Patrícia relata que atuou em diversas funções, e acabou sendo aproveitada no setor administrativo, onde permaneceu por muitos anos. Na sua avaliação, a experiência acumulada em atividades como patrulhamento, somada à vivência que adquiriu junto ao setor administrativo, foi preponderante para que acabasse ocupando atribuições de comando. “Foi fundamental esse acúmulo de experiência”, disse.
Delegada Edna tem carreira coroada ao comandar Delegacia Seccional
Colegas que acompanham de perto a carreira da delegada Edna Elvira Salgado Martins não se surpreendem com o fato dela ter sido alçada ao cargo de Delegada Seccional, da Delegacia Seccional de Polícia de Mogi Guaçu, função que passou a exercer a partir de 2021.
Sua trajetória dentro da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo tem sido pontuada por resultados sempre muito expressivos nas diversas atribuições que tem exercido até aqui. Trajetória, a qual, segundo Dra. Edna, começou em 1992, como Escrivã de Polícia, no período em que ainda cursava Direito.
Logo em seguida, prestou concurso para Delegado de Polícia e também foi aprovada. O início da trajetória nesta função, em 1993, acabou sendo uma realização pessoal, conforme confidenciou para o TRIBUNA DE ITAPIRA. “Desde criança tinha interesse pelos casos e mistérios policiais. Nesta época, um dos meus livros favoritos era O Gênio do Crime, de João Carlos Marinho Silva. Daí, para os romances de Agatha Christie foi um pulo. Foi durante a realização do curso de Direito que eu me decidi pela carreira de Delegado de Polícia”, contou.
A atual titular da Delegacia Seccional de Mogi Guaçu observa que à época de seu ingresso na carreira, o número de delegadas era muito inferior em comparação ao que se observa nos dias de hoje, e enxerga nesse movimento algo bastante positivo. “Acredito que o maior interesse das mulheres pela carreira policial certamente está ligado ao empoderamento feminino, ou seja, as mulheres se conscientizaram da sua importância e capacidade, que não precisam ficar à sombra dos homens. Algumas qualidades femininas, como capacidade de exercer multitarefas, comprometimento, dedicação, maior facilidade de trabalhar sob pressão, criatividade, foco, são fatores que lhes conferem uma vantagem a mais”, elencou.
A respeito da posição atual, Dra. Edna garante que apesar de gratificada com sua indicação, jamais desempenhou seu trabalho “Pensando em ser Delegada Seccional”. Ela explica que de acordo com suas convicções pessoais, o objetivo maior sempre foi o de “Trabalhar em prol da sociedade” desempenhando da melhor maneira suas atribuições.
Ao finalizar, observou ainda que o cargo ocupado atualmente foi consequência do trabalho efetuado em 30 anos de dedicação, 20 dos quais à frente do Departamento de Investigações Gerais (10 anos como Delegada Titular), onde aprendeu a lidar com diferentes facetas relacionadas à atividade, “Muitos casos gratificantes e outros tantos chocantes, marcados pela crueldade”, fez questão de registrar.
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