Comum em todos os tipos de ambientes, seja no final de expediente em casa ou com um grupo de amigos na praia, e também acessível a todos os consumidores, a cerveja mantém o posto da bebida alcoólica mais consumida e querida pelos brasileiros. Para muitos, apreciar o líquido fermentado é coisa séria e demanda, inclusive, muita dedicação. Esse é um fato presente em Itapira, já que um grupo de amigos tratou de se unir e produzir sua própria cerveja artesanal.
Com a celebração do Dia Internacional da Cerveja sempre na primeira sexta-feira de agosto, portanto no último dia 2, o Tribuna foi saber um pouco mais sobre a história por trás da criação da “Beerzerro”, nome de batismo da cerveja artesanal produzida aqui no município e apreciada por um seleto grupo de cervejeiros local.
Assim como contou Guilherme Jugni, um dos principais nomes envolvidos com a produção caseira da bebida, a ideia da fabricação própria surgiu a partir de um momento de crescimento do mercado da cerveja no Brasil, o qual ele e seus amigos se reuniam para degustar cervejas variadas.
“Quando comecei a experimentar cerveja, ainda jovem, é aquela situação né – como que alguém gosta disso?!. Mas com o passar do tempo as coisas vão mudando, nunca fui de tomar muito, sempre levei em consideração a questão da qualidade e apreciar a bebida. Nós tínhamos um grupo de amigos que jogava poker e ai começou a aparecer no mercado cervejas artesanais e importadas e passamos a experimentar. Fomos criando gosto por isso e esse processo foi gerando um acúmulo de conhecimento, até que começaram a surgir as notícias de pessoas fazendo a própria cerveja. Nós já dissemos – Vamos fazer”, contou Jugni.
Essa maturação da ideia de fabricação da própria cerveja levou cerca de dois anos, até que Jugni, seu sogro José Benedito Santos, o parceiro do grupo de poker Danilo Rotoli e Raoni Bueno, criaram coragem, investiram cerca de dois mil reais em equipamentos e matéria prima e assim foram produzidos os primeiros dez litros da Beerzerro.
O primeiro lote, segundo Jugni, apesar de ter dado muito errado, ficou uma verdadeira delícia. “Nós começamos com um fogão e uma geladeira doada. A primeira produção deu totalmente errado, era para ser 20 litros mas acabou dando só a metade, só que a bebida ficou muito boa, encorpada e saborosa. Nós piramos na primeira breja”.
Esse resultado inesperado de sabor animou o grupo, um fato que fez a produção evoluir com mais investimentos e, com o tempo, foram produzidos 12 tipos de cervejas artesanais. “Nós começamos em uma chácara, fomos para um barracão e hoje a produção está em minha casa”, disse Jugni. “Nós fomos aperfeiçoando, mudando e testando novos tipos, mas confesso que aprendemos a fazer a cerveja vendo no youtube e é um processo extremamente trabalhoso e delicado, deu até vontade de desistir”, complementou o “cervejeiro caseiro”, assim como se considera dentro de seu hobby.
Entre os tipos já produzidos pelo grupo, que hoje está se mantendo apenas com investimentos e dedicação de Jugni e Rotoli, estão: Neipa; IPA; American IPA; Paleale (que foi a primeira); Stouti; Witbeer (tipo de cerveja que aceita outros ingredientes juntos como especiarias); Crean ale.
“Acho que podemos dizer que matamos a vontade de fazer cerveja. A cada criação, eu e o Danilo fomos aperfeiçoando e, aos poucos, inserindo os gostos pessoais, até que fizemos algumas bem diferenciadas e especiais. Todo mês, eu e ele nos reunimos e tentamos incrementar algo de novo em uma nova produção para degustar”.
Já são 7 anos da Beerzerro, completados no dia 18 de julho, e mais de 50 lotes produzidos. O nome da cerveja, assim como contou Jugni, surgiu de uma brincadeira com um amigo que tinha o apelido de “bezerro”, após o mesmo ser presenteado com uma caneca da bebida, saindo assim a união do nome da bebida em inglês – beer, junto com o apelido do amigo.
“O nosso rótulo começou bem simples, depois ficou estilizado, com um desenho mais bem produzido e desenvolvido só para nós”.
Jugni disse que a sensação de produzir e degustar a própria cerveja é indescritível. “Foram duas coisas que fez com que a produção da cerveja continuasse. A primeira foi o retorno dos amigos que eram presenteados falando muito bem da nossa bebida. A segunda é a sensação de fazer a sua cerveja e beber, que é indescritível, e ainda por cima saber que é boa e as pessoas gostam”.
Beerita
Essa paixão garante bons momentos entre amigos e dela surgiu a Confraria Beerita. Uma vez por mês, o grupo se reúne, escolhe uma cervejaria, compra todos os seus rótulos, de estilos variados, e sentam para apreciar e avaliar. Uma forma especial de tornar a experiência de beber cerveja mais intimista e também com o objetivo de conhecer a bebida.
Claro que a Beerzerro não pode faltar nos encontros. Nos aniversários da marca, Jugni contou que se produz um belo lote de um tipo da bebida, os amigos se reúnem e a degustação é ainda mais especial por ser criação própria.
Produção
O Tribuna conseguiu ver de perto os equipamentos da minuciosa produção artesanal da bebida. Assim conforme foi explicando Jugni, em uma “panela” elétrica é feita a mostura, um cozimento da água junto com o malte e lúpulo, um processo que demora cerca de sete horas.
O produto ao final desse processo deve sair de uma temperatura de 100º graus e ir para 20º graus de forma quase que instantânea. Isso é feito através do “chiller de placa”. O produto vai para o fermentador, onde é inserido a levedura. São sete dias fermentando e depois 20 dias maturando.
O final do processo é uma carbonatação forçada em barril, onde é injetado CO2 por quatro dias a 0º graus, para então ser envasado em garrafas. “É uma forma legal de apreciar a cerveja e ainda poder presentear os amigos”.
Mercado
Segundo Jugni, em sua opinião, a cerveja para o Brasil é aquela leve, tipo pilsen, para um volume de consumo maior. Ele entende que o mercado do produto no país cresceu muito e a entrada da Heineken ajudou a inserir qualidade. “As pessoas querem bebidas de qualidade e algumas chegam a pagar caro por uma garrafa, valores de R$ 60 até R$ 300”.
Em seu gosto pessoal, confidenciou que hoje está preferindo cervejas menos amargas, o inverso do começo quando passou a apreciar a bebida, que quando mais amarga mais interessante era. “No mercado as mais amargas são mais caras então no começo queria fazer essas, mas hoje estou apreciando as mais suaves”.
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