A vida de Roberto Ferez David, de 59 anos, mudou drasticamente nos últimos tempos. Com uma longa carreira atuando como caminhoneiro, nos últimos meses, Ferez nem consegue mudar de posição na cama de sua residência e está convivendo com uma dor insuportável que o fez cair em lágrimas ao tentar falar sobre para a reportagem do Tribuna, que foi convidada pela família para que a situação fosse registrada.

Ferez, infelizmente, é uma pessoa que acumula problemas de saúde. Chegou a fazer cateterismo em outubro do ano passado e convive com uma hepatite e cirrose diagnosticadas.
Mas a situação começou a se agravar em dezembro de 2024, momento em que percebeu um caroço na lateral de seu abdômen e o início de uma dor aguda. Ele chegou a ficar quatro dias internado no Hospital Municipal de Itapira, mas, assim como explicou sua irmã – Selma Ferez, e o sobrinho – Fabiano Ferez, ele saiu sem um diagnóstico e apenas com a indicação de que seria uma hérnia, porém, sem necessidade de cirurgia naquele momento.
Com a dor aumentando, Roberto chegou a ficar outros 18 dias internado em janeiro deste ano. Mas mais uma vez teria saído sem um diagnóstico definitivo do HM referente ao seu quadro clínico. Um ultrassom teria mostrado apenas que haviam lesões em sua coluna. Ele então passou a receber medicação muito forte para conseguir aguentar a dor.
Nesse momento a família juntou recursos e realizou procedimentos no setor particular. Com uma ressonância na região lombar, segundo informou a família, foram detectadas manchas que, muito provavelmente, seriam de um câncer.
“Procuramos então o hospital com esses exames e perguntamos para eles: E agora?”, disse Selma.
A atitude foi um encaminhamento para a Unicamp, porém, nada foi resolvido, já que para fazer a biópsia, Roberto teria que aguardar na fila de espera. Com isso o tempo foi se passando e a dor cada vez mais se agravando.
“Enviamos e-mails para todo mundo aqui de Itapira. Ouvidoria, Secretaria de Saúde, Gabinete do Prefeito e até para a DRS em São João da Boa Vista. A situação dele é lamentável, ele está com feridas por todo o corpo e fica na mesma posição, sentado na capa, 24 horas por dia”, explicou o sobrinho.
Foi explicado que Roberto chegou a ir para Mogi Guaçu, onde iria realizar uma ressonância, porém, pelo fato de ter que se deitar, ele não aguenta de dor e o exame não consegue ser concluído.
Na noite do dia 23 de abril, após um crise fortíssima de dor, Roberto teve de ser retirado de sua cama pelo Corpo de Bombeiros, para ser levado até o HM.
Conforme relatou a família, foi feito o apelo pela internação para cuidados, mas, conforme disseram, a atitude dos responsáveis foi caracterizada como um “destrato”.
“Disseram que o quadro clínico dele era estável e não havia critério para a internação. Temos um familiar, que amamos, está morrendo, e não conseguimos fazer nada”, frisou a irmã.
A família também destacou que existe uma lei (13.896/2019) que determina que um paciente com suspeita de câncer pelo SUS tem direito a uma biópsia em até 30 dias.
“Agora fica um jogando para o outro. O HM diz que a responsabilidade é da Unicamp. A Unicamp diz que ele precisa ser internado e ainda como se não bastasse, uma pessoa do PPA veio aqui para ajudar a fazer curativos e disse que na situação que está nós podemos ser denunciados por maus tratos. Olha que absurdo”, completou a irmã de Roberto.
A família entende que com a internação a realização de exames e encaminhamentos fica mais ágil do que a forma como está e não concorda com a recusa do HM, levando em consideração que já existe um exame feito na rede particular.
HM
O Diretor do Hospital Municipal de Itapira, Dr. Newton Santana, falou com o Tribuna sobre o caso. A situação de Roberto Ferez já é bem conhecida pela equipe do HM, inclusive por Santana.
O Diretor destacou que o paciente precisa no momento dos cuidados paliativos – que são ações com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da pessoa com doença grave, e que o HM tem o compromisso com o tratamento, porém, é necessário que Ferez conclua a ressonância em Mogi Guaçu, algo que pode permitir até o encaminhamento para cirurgia.
“Nós fizemos de tudo. Todos os exames foram feitos. Agora, ele precisa fazer o procedimento da ressonância. Foi agendado quatro ou cinco vezes para ele ir lá (no Guaçu) mas o exame não foi concluído, inclusive com o paciente estando devidamente medicado. Precisamos de pelo menos a ressonância, ai podemos até encaminhar para cirurgia”, explicou Santana.
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