Terminou na tarde dessa quarta-feira, dia 28, a paralisação deflagrada na terça-feira, 27, por 12 motoristas vinculados à Mirage Transportes, responsável pela operação do sistema de transporte coletivo urbano de passageiros do município, sob alegação de atraso no pagamento do vale a que teriam direito neste começo de semana.

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O JORNAL TRIBUNA apurou que a direção da Mirage se mobilizou para efetuar o pagamento e colocar paradeiro no movimento, que deixou sem transporte a população da cidade por mais de 24 horas. A paralisação ocorreu à revelia do Sindicado dos Condutores de Mogi Guaçu e região.

O atual presidente, Gessy Alves de Oliveira, 55, esteve ontem de manhã na cidade, quando se avistou com os motoristas e ouviu suas ponderações. Ele destacou que compreendia as motivações que levaram os motoristas a realizarem o protesto, mas advertiu que o movimento foi feito de forma irregular. Por ser um serviço essencial, esse tipo de paralisação demanda algumas medidas previstas em Lei, como por exemplo, aviso prévio do início do movimento e manutenção de um percentual de veículos operando.

“Viemos nos posicionar do lado dos motoristas”, afirmou Gessy. Alguns destes profissionais, ao perceberem a presença da reportagem do TRIBUNA, disseram que tomaram a decisão de paralisar devido aos sucessivos atrasos no pagamento. “Isso acontece sempre. E eles (a direção da empresa) diz que a culpa é da prefeitura que atrasa os repasses”, disse um dos motoristas.

Depois do encontro com os motoristas, Gessy manteve um encontro com o departamento jurídico da Mirage e contou que ouviu a promessa de que o pagamento seria regularizado ainda hoje. “Nós demos um crédito a empresa no sentido de fazer o acerto. Caso contrário, a paralisação iria continuar”, disse.

Enquanto isso o problema afetava a população. O movimento na estação rodoviária caiu consideravelmente, mas, ainda sim, havia pessoas que não sabiam da paralisação. Foi o caso da pensionista Raquel Marques, moradora do conjunto residencial José Tonolli, no extremo leste da cidade. “Eu vim para a cidade de carona. Não sabia desta situação. Agora não sei como vou fazer para voltar”, disse.

O aposentado Antônio de Paula Prado, 73, morador no Bráz Cavenaghi, disse que “bateu pernada” de sua casa até o centro da cidade e mais tarde passou pela rodoviária para ver se a situação havia se normalizado. “Isso não pode acontecer. As pessoas que dependem do ônibus para trabalhar vão fazer o quê?”, questionou.

Prefeitura

A atual administração do prefeito Toninho Bellini acompanhou de perto toda movimentação. O vice-prefeito Mário da Fonseca atuou como interlocutor junto à empresa, mantendo informado ao prefeito Toninho Bellini a respeito das negociações.

Durante conversa com a reportagem do TRIBUNA, Fonseca mencionou que o episódio guarda relação direta com os problemas estruturais que afetam o transporte coletivo urbano de passageiros na imensa maioria dos municípios. Ele mencionou que o acordo costurado em abril com participação da Câmara, que permitiu que o município subsidie em R$ 80 mil mensais a empresa em troca da redução da passagem de R$ 4,50 para R$ 2,50 (com passagem gratuita nos feriados), caminhava bem até o processo de elevação do preço do óleo diesel, desequilibrando a planilha de custo da Mirage.

Antes do acordo, a empresa cobrava do poder público municipal mecanismos para não operar no vermelho, situação que o atual vice-prefeito mencionou que ocorria desde a gestão anterior e que voltou a enfatizar ser uma realidade que afeta todo o setor dado o aumento dos custos operacionais que não conseguem ser acompanhados pelas tarifas concedidas pelas prefeituras. “Isso ocorre no Brasil inteiro. O transporte público é deficitário e se trata de uma obrigação do poder público”, reforçou.

Um representante da empresa envolvido diretamente na negociação com os funcionários disse que a Mirage tinha se comprometido em quitar o débito ainda na quarta-feira, o que segundo ele foi cumprido. Também mencionou as dificuldades de custeio das operações como principal fator dos problemas existentes atualmente.

Realinhamento

Nas tratativas com o próprio vice-prefeito, a direção da Mirage fez pedidos para um novo realinhamento tarifário fosse colocado em questão, no que a atual administração teria colocado que essa discussão somente poderia ocorrer, conforme a Lei aprovada para regulamentar a questão, seis meses depois do início do contrato, ou seja, em outubro próximo.

Ao ser questionado a respeito das queixas dos motoristas, usadas para justificar a paralisação, Fonseca disse que, como agente público, não pode ingerir na forma de como a empresa define suas prioridades gerenciais. Mas assegurou que a prefeitura paga religiosamente duas parcelas de R$ 40 mil para a Mirage, uma no dia 4 e outra no dia 20 de cada mês.

Negociações

No fechamento desta edição, Gessy Oliveira, presidente do Sindicato dos Condutores, fez contato com o TRIBUNA para avisar sobre o fim da paralisação. “A empresa quitou o débito e foi decidido pelo fim da paralisação”, informou. Advertiu, no entanto, que a direção do Sindicato se prepara para uma rodada de negociações com a Mirage a partir da semana que vem, para cumprimento de acordos envolvendo também “motoristas rodoviários e de fretamento”. “Temos uma pauta extensa de negociação e daremos andamento a partir da próxima semana”, avisou.

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