O ano de 2022 se encerrou com um total de 6.381 consumidores com contas em atraso no comércio itapirense. O montante representa um aumento de 27,1% quando comparado com os 5.021 devedores no ano de 2021. Os dados são da Associação Comercial e Empresarial de Itapira – ACEI e fazem referência aos clientes com débitos apenas às lojas filiadas à associação.

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De acordo com o levantamento da ACEI solicitado pela reportagem do Tribuna de Itapira, a dívida acumulada dos mais de seis mil consumidores chega a R$ 6.411.893,38 de prejuízo ao comércio local. Esse valor faz referência a somatória dos 10.049 registros/ocorrências contabilizados no ano passado, que são referentes a contas que estão negativadas, ressaltando que uma pessoa pode ter mais de uma na cidade em débito.

Em cima dessa possibilidade, existem 215 clientes com mais de cinco registros em débitos. Outros 1.059 estão com 2 a 5 contas em haver. A maior quantidade fica com os consumidores que possuem apenas um registro e somam 5.107 clientes. A média corresponde a 1,57 ocorrência por cliente.

Dentre os registros de inadimplência, existem 1.549 que estão em débito há menos de um ano, somando R$ 570.613,30. Outros 2.321 entram no período de até dois anos com a dívida pendente e somam R$ 1.552.957,94. Já para os débitos que estão na praça pelo período de até três e quatro anos somam 2.063 registros cada, com valores somados na casa dos R$ 2,8 milhões. Por fim, ainda existem 2.053 registros que estão há cinco anos em haver com o comércio e um valor pendente de R$ 1.478.951,00.

O valor das dívidas variam e a maioria das contas que deixaram de ser pagas estão com valores de até R$ 500, sendo 4.537 clientes. A segunda maior quantia é para as contas de até R$ 100, com 1.846 consumidores, seguida pelas contas de até R$ 1.000 com 1.336 clientes. São 926 fregueses que estão com débitos acima de R$ 2.000, acumulando a maior somatória em dívida, na casa dos R$ 3,2 milhões. Outros 566 estão com dívidas de até R$ 2.000. As contas mais baixas também acumulam pessoas em débito, sendo 838 que deixaram de pagar valores menores que R$ 50.

MOTIVOS

Para o Gerente Administrativo da ACEI, Rafael de Oliveira Pedroso, o maior reflexo do número estatístico ainda é a pandemia e questões do desemprego. “Mesmo passando por um momento de superar a questão da pandemia, ela ainda é o maior reflexo da inadimplência. O desemprego pesa muito. A pessoa perde o trabalho e acaba não conseguindo honrar com os compromissos, dando prioridade para necessidades básicas como alimentação e moradia. Recebemos diariamente diversas pessoas que vem nos consultar para ver se seu nome está negativado e ver possibilidades de um acordo”, comentou Pedroso.

Ainda de acordo com o gerente, existe um esforço junto aos empresários para que consultas detalhadas sejam feitas antes de abrir um crédito para algum consumidor. “O valor da dívida é bem considerável. Temos buscado um trabalho junto aos empresários para que todos façam uma análise de crédito mais criteriosa e aprofundada dos consumidores. Para uma venda não virar uma inadimplência é importante que os proprietários peçam uma análise de crédito da pessoa”, concluiu.

BRASIL

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) anual mostra que o perfil da pessoa endividada no Brasil é de uma mulher, com menos de 35 anos e ensino médio incompleto, moradora das regiões Sul ou Sudeste, cuja família recebe até dez salários mínimos. A pesquisa foi divulgada no último dia 19, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Na série histórica, iniciada em 2011, o ano bateu recorde: 77,9% das famílias estavam endividadas em 2022, uma alta de 7 pontos percentuais em relação a 2021 e de 14,3 se comparado com 2019, antes da pandemia de covid-19. O índice mais baixo foi registrado em 2018, quando 60,3% das famílias estavam com dívidas.

O presidente da CNC, José Roberto Tadros, destacou que a pandemia reverteu a tendência de queda no endividamento que era registrada até 2019, especialmente entre os mais pobres. Segundo ele, os “efeitos perversos” da pandemia, com o fechamento de negócios e o aumento do número de desempregados, e no pós-pandemia, o avanço da inflação, fez com que as famílias com rendas mais baixas precisassem recorrer ao crédito para manutenção do consumo de primeira necessidade.

“Enquanto entre as famílias de maior renda foi a retomada do consumo reprimido que levou a maior contratação de dívidas. Esses fatores geraram o aumento no número de endividados em 2022 no país”, afirmou Tadros.

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