Ao final do mês de julho, o Cemaden (Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, órgão vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação) tornou público um estudo que demonstra a gravidade da escassez de chuvas na maioria das regiões do país, que já resulta em problemas sérios como a escassez hídrica e o aumento das queimadas.

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O estudo aponta o aumento deste tipo de situação ao longo dos anos e no caso atual, atribui ainda à ocorrência do fenômeno climático El Niño em 2023 (de grande intensidade) como um dos fatores que contribuíram para que a situação atual se estabelecesse. 

Segundo o Cemaden, 1.024 municípios nos diversos Estados conforme mostrou o estudo realizado, vivem uma situação de “seca extrema”. Itapira é uma das cidades que está incluída na relação, assim como outras da região. “A estiagem vem afetando o abastecimento, isolando regiões que dependem do transporte por rio, causando prejuízos na agricultura e pecuária pelo país e tornando o ar difícil de respirar”, diz um trecho do documento.

Particularmente em Itapira essa situação já vinha apresentando evidências de que o regime de chuvas deste ano, pelo menos até agora, difere do que ocorreu no ano passado, quando choveu em boa intensidade durante a maior parte do período.

O mês de julho terminou com 7,4 mm de precipitação, ou 25% da média do período, segundo o SAAE de Itapira. Como em junho o índice foi zero, em 60 dias a cidade recebeu um volume de chuvas quase irrisório. A situação fica ainda mais preocupante se for levado em consideração que a última chuva caiu em 10 de julho (módicos, 3,3 mm), ou seja, em uma semana, caso não chova, completar-se-ão 30 dias sem chuvas.

Caso confirmada a previsão, será o terceiro período intercalado a partir de abril, com pelo menos 30 dias sem qualquer chuva. E a previsão dos principais institutos de meteorologia é de que agosto será um mês com pouca incidência na região, o que agrava, por exemplo, a questão das queimadas.

EFEITOS

O presidente do SAAE, engenheiro Carlos Vitório Boretti de Ornelas, informou ao TRIBUNA DE ITAPIRA que a autarquia vem monitorando muito de perto a situação do Ribeirão da Penha (de onde é retirada a água consumida pela população da cidade) e que pelo menos até o presente momento, o nível do Ribeirão se mantém de forma favorável ao processo de captação.

Mas, admitiu que caso a situação piore, o SAAE já tem tudo pronto para executar um plano de emergência, levando água de represas da cidade para o Ribeirão, algo que já teve precedente em 2020 e 2021. Ornelas afirmou que não existe risco de desabastecimento, mesmo diante de um cenário problemático como esse que se avizinha.

Os efeitos da estiagem na agricultura também preocupam. Na opinião do engenheiro agrônomo Luís de Sá, os prejuízos na cidade pelo menos por enquanto são de pequena monta, pelo fato, segundo ele, da colheita de grãos (milho e soja, essencialmente) ter sido completada no final do primeiro trimestre. Ainda assim, Sá avalia que existem pessoas que plantaram sorgo (planta muito utilizada na alimentação do rebanho bovino) e estão enfrentando dificuldades no momento da colheita. “A seca é problemática, sobretudo pela ausência de recarga das nascentes. Isso pode trazer problemas mais adiante”, conjecturou.

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