Após quase dois anos de pandemia, sentimos cada vez mais os efeitos negativos do vírus que mudou drasticamente a rotina de todos e causou prejuízos socioeconômicos por todo o mundo. Pesquisas, estudos científicos, análises de dados e aplicação de teorias estão se mostrando de suma importância para, além de agregar conhecimento a respeito da Covid-19 e seus efeitos, dar um norte para a população, autoridades e profissionais sobre a procedência em relação aos cuidados com a saúde para aqueles que foram acometidos pela doença. É nesse sentido que o professor e pesquisador científico itapirense, Dr. Moisés Germano, vem trabalhando e hoje integra um projeto pioneiro na América Latina, que irá produzir um documento que servirá como uma diretriz e irá possuir recomendações e procedimentos em relação a prescrição de exercícios para as pessoas que se contaminaram pelo coronavírus e estão em processo de recuperação e reabilitação.

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“A expectativa é que o documento possa alcançar o máximo possível de profissionais de Educação Física e, por conseguinte, que eles possam se atualizar quanto aos conhecimentos sobre os mecanismos fisiopatológicos da doença e seus efeitos nos diferentes tecidos do organismo”, comentou Germano, que é Doutor e Mestre em Ciências do Movimento Humano. O documento, que possui as orientações para a prática de exercícios físicos no pós-covid, está sendo produzido desde setembro de 2021 e, além do pesquisador itapirense, está tendo a participação dos professores Dr. Aylton Figueira, Dr. Tavicco Moscatello e Ms. Leonardo Lima, todos da capital paulista. Foram realizados 3 encontros presenciais e 2 encontros virtuais desde então e a expectativa é que ele seja concluído em abril.

A documentação foi encomendada pelo Conselho Regional de Educação Física (CREF4) que recrutou os quatro pesquisadores para discutir os melhores protocolos e estratégias de exercícios para essa população e, consequentemente, democratizar o documento, onde a entidade será a responsável por distribuir as diretrizes a todos os profissionais de Educação Física do estado de São Paulo. Após receberem as orientações, eles poderão organizar os exercícios e treinamentos em relação a progressão da intensidade e aumento de cargas. A documentação dará também o suporte necessário para que seja realizada avaliações dos pacientes que estão em recuperação da Covid-19 progressivamente, no tocante ao desenvolvimento e reabilitação.

“O conhecimento sobre os mecanismos fisiopatológicos da doença e como ela atinge os diversos sistemas do organismo é imprescindível. Com isso, o exercício a longo prazo pode influenciar positivamente na recuperação e melhora do condicionamento físico das pessoas no pós Covid-19 e, com toda certeza, evitar outras doenças advindas de sequelas do coronavirus”, destacou o pesquisador itapirense. “A doença em si, além do potencial de letalidade, pode deixar inúmeras sequelas, sendo que grande parte delas envolve a locomoção, o equilíbrio, a força, a resistência e flexibilidade. Além disso, há prejuízo na condição cardiopulmonar e neuromuscular, principalmente. É importante ofertar o movimento, inclusive o gosto pelo movimento. O exercício pode ser um potente estímulo para o prazer, para os ganhos de força, equilíbrio e condição cardiopulmonar. Automaticamente ocorre o fortalecimento do sistema imune e aprendizagem motora. Com isso, o indivíduo consegue realizar as tarefas mais simples do dia a dia, que muitas vezes são afetadas pelas sequelas do Covid-19”, explicou.

Moisés Germano, que também é professor da SEL (Secretaria de Esportes e Lazer) de Itapira, é um dos coordenadores do Projeto Super-Ação, que inclusive tem atendido pacientes pós Covid-19. Segundo ele, a realização do projeto, também chamado de Programa de Treinamento Físico para Indivíduos com Doenças Crônicas e Metabólicas, ajudou muito na produção das diretrizes por unir a prática com o que existia até então na literatura científica. “No projeto nós conseguimos aplicar testes, procedimentos de prescrição, progressão das cargas e avaliação. Automaticamente, conseguimos colocar no papel o caminho que pode ter maior probabilidade de êxito para os profissionais”, disse. O projeto Super-Ação teve início em junho do ano passado e foi idealizado para oferecer treinamento personalizado para pacientes com hipertensão, diabetes, obesidade ou Síndrome Pós-Covid e atendeu perto de 130 pessoas. A proposta, que envolveu as secretarias municipais de Esportes e Lazer e de Saúde, foi considerada inédita e apresentou resultados expressivos.

Até o momento, apenas os Estados Unidos haviam proposto uma diretriz e recomendação de exercícios físicos para pessoas em recuperação da Covid-19. Com o projeto desenvolvido pelos pesquisadores, o Brasil entra para esse grupo e propõe orientações de acordo com a realidade da população. A prática de atividade física regular mais uma vez ganha destaque, dessa vez, como uma importante ferramenta para a recuperação das pessoas que foram acometidas pelo coronavirus.

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