O assunto que tem dominado o noticiário geral ao longo da semana foram as imagens de imigrantes ilegais deportados pelos Estados Unidos, incluindo um avião com 88 brasileiros que chegaram no dia 24, quatro dias após Donald Trump ser empossado pela segunda vez como presidente da maior potência econômica e militar do planeta.
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Trump havia prometido durante a campanha eleitoral que iria deportar todos os imigrantes ilegais (estimados em 11 milhões de pessoas) e fechar a fronteira com o México, local por onde a grande maioria desses imigrantes ingressam no país. As ações iniciais de seu novo mandato reforçam essa intenção, segundo observadores.
Um sentimento de apreensão tomou conta de brasileiros que vivem no estado da Flórida. Foi o que revelou ao Tribuna o itapirense Douglas Cunha, de 36 anos – e há 11 anos nos EUA, onde trabalha como garçom, toca uma empresa de limpeza e se tornou ‘influencer’, muito acessado pela comunidade brasileira, a partir da cidade de Coconut Creek.
Douglas Cunha entende que a repercussão dada às primeiras medidas guarda relação com a disposição do atual governo dar uma satisfação ao seu eleitorado, “dando continuidade ao que já estava ocorrendo”. Aponta ainda que presidentes que antecederam Donald Trump também deportaram levas de imigrantes, sem que nenhum tipo de alarde fosse criado. “O Barak Obama foi o que mais deportou”, apontou.
Demonstrando familiaridade com o tema, o itapirense Douglas expressou opinião de que os Estados Unidos precisam “muito dos imigrantes”, advertindo, porém, que o país é muito visado por pessoas que fogem da justiça de seus países de origem – fato sempre muito explorado pela direita radical americana.
Ao finalizar a conversa, a reportagem quis saber se Douglas sente saudades de Itapira e se pretende retornar algum dia ao Brasil. Ele afirmou que não se vê de volta, observando que os mesmos problemas que o incentivaram a se mudar em 2014, ainda continuam no horizonte do país, como as dificuldades para se ter um bom emprego e um bom salário. “Por mais saudade que eu tenha, não consigo mais me ver morando no Brasil. É muito tempo fora e a gente se acostumou muito aqui”, completou.
Filho
O TRIBUNA DE ITAPIRA conversou também com Jonathan Coutinho, 36, que emigrou em 2015, junto com a então companheira Patrícia. Ele informou que nestes anos todos passou por diversas cidades da Flórida, sempre trabalhando na construção civil. Atualmente mora em Pompano Beach, com o filho Benjamin, de apenas cinco anos.
Jonathan disse que também tem estado atendo ao noticiário, mas procurou demonstrar tranquilidade. “A realidade que tenho observado, pelo menos aqui onde eu moro, é muito diferente da histeria encontrada sobretudo nas redes sociais”, avaliou.
A aparente tranquilidade contrasta com familiares dele aqui na cidade. Uma prima disse que estava preocupada com a situação: “Não tem como a gente não se preocupar com tudo o que está acontecendo”, comentou.
Jonathan diz que torce para que todo esse estado de coisas volte ao normal em breve. Acredita que existem vozes dentro da própria sociedade americana que não concordam com o discurso radical utilizado por Donald Trump e apoiadores na questão dos imigrantes.
Considera que a mão de obra dos imigrantes continua sendo necessária ao crescimento da economia americana e observou ainda que uma política de deportação em massa – como tem sido cogitado – teria um custo astronômico para o contribuinte norte americano. “São questões importantes que certamente terão seu peso dentro desse processo todo. O jeito é aguardar e ir acompanhando os acontecimentos. Não me parece sensato antecipar problemas na rotina dia a dia, que a gente nem sabe direito se vão ocorrer”, completou.
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