A manutenção das elevadas taxas de juros no Brasil – entre as maiores do planeta – que tem causado uma queda de braço entre o Banco Central e o próprio presidente da República, Lula da Silva, atinge os diversos setores da economia, mas costuma pegar pesado em um bastante sensível para o funcionamento de toda a economia: a venda de veículos.

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A taxa Selic arbitrada atualmente pelo Banco Central em 14,75% ano interfere diretamente no financiamento dos diversos bens de consumo e com o mercado de carros não é diferente. Para Adriano José Piffer, gerente da Fattore, a revenda Fiat aqui da cidade, a situação de momento exige muito critério na escolha dos clientes.

Ele observa que pode ocorrer situação onde o semi-novo, dependendo das condições gerais do veículo, tenha seu preço muito próximo ao zero km. O atual cenário, segundo ele, exige negociação maior entre a concessionária e os eventuais compradores, “para determinar qual o negócio mais vantajoso para os clientes”. “Muitas vezes o cliente acaba sendo seduzido pela opção em pagar à vista por um semi- novo do que comprar um zero parcelado. Por outro lado, as taxas de financiamento para o zero km são mais atraentes. Vai da conveniência da pessoa interessada”, colocou.

Adriano, da Fattore, destaca importância em oferecer ao cliente a melhor escolha

Para aquecer o mercado, algumas montadoras acenam com taxas zero de juros, sob determinadas condições. É o caso da General Motors que nesse mês oferece um de seus modelos mais vendidos, o Ônix, com esse tipo de atrativo, desde que o comprador tenha bala na agulha para uma entrada de 70% do valor do carro.

Para Fabiana Rouxinol, da equipe de ventas da Artvel, a concessionária GM de Itapira, esse tipo de promoção atinge aquela parcela de pessoas que já dispõe de recursos maiores, enquanto que a maioria das pessoas, neste momento de aperto monetário, calcula, segundo ela, “Se o valor da parcela que vai caber no seu bolso”. Otimista, Fabiana não tem dúvidas em afirmar que a partir do momento em que os juros sinalizarem com uma queda, a tendência é que o humor do mercado melhore. “Já passamos por momentos piores”, completou.

Pontuação

Nas revendas de semi-novos o clima também é de cautela. Segundo Caio Siqueira Baratella, da equipe de vendas da Trevo Veículos, o setor está acostumado a lidar com ciclos de instabilidade econômica, criando seus próprios mecanismos de defesa. Ele explica que as financeiras, especialmente neste período de crédito escasso, se pautam pela ficha cadastral dos interessados para a liberação de um financiamento, onde é levada em conta uma espécie de pontuação (score) que fixa a taxa mensal de juros que o interessado terá que pagar. Quanto mais a ficha do interessado sinaliza que ele é um bom pagador, maior será sua pontuação e menor a taxa aplicada.

Baratella conta que nos casos de maior pontuação, a taxa costuma gravitar em torno de 1.2% a 1.4%, que torna o financiamento mais atrativo para os interessados. “Na verdade, são muitos os fatores que interferem na aquisição do carro, como o número de parcelas, o valor da entrada e é claro, a taxa de juros”, ponderou. O vendedor acrescenta ainda que também o segmento dos semi-novos trabalha com a expectativa de que a queda dos juros produza efeitos positivos neste mercado, que segundo ele, já viveu dias melhores.

Caio da Trevo Veículos alega que a taxa de juros é um dos vários componentes que define interesse do comprador

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