Nesse dia 8 de maio, é celebrado o Dia das Mães, e a reportagem do Tribuna conversou com algumas mães itapirenses sobre os desafios e a complexidade da maternidade durante a pandemia de Covid-19 e o isolamento social. E como elas fizeram para reinventar a rotina e conciliar a maternidade com a vida profissional durante a crise sanitária.

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Jéssica Carolina Raphael Jachetta, analista fiscal, 30 anos, descobriu a gravidez em junho de 2020 e relata que apesar da felicidade pela gestação, a crise sanitária do país gerou um misto de medos e incertezas. “Engravidei durante o isolamento social pós-covid. Ter filho já estava nos planos e a gravidez foi sempre muito desejada, mas confesso que senti medo e tive incertezas após a descoberta por conta da pandemia. Passei a maior parte da gestação isolada, sem poder compartilhá-la da forma como gostaria. De qualquer forma a Manu é muito amada tê-la foi a melhor coisa da minha vida, inclusive para passar por esse momento difícil que todos vivemos”, relatou.

Jessica também mencionou como o isolamento social interferiu neste momento. “Não poder comemorar da forma como gostaríamos, pois alguns de nossos familiares souberam a notícia remotamente, também foi difícil. Era uma época em que ninguém se tocava, então faltaram os abraços. A rede de apoio é essencial nesse momento, mas com a pandemia ela precisou ser extremamente reduzida, o que dificultou todas as coisas”, disse

A nutricionista, Ana Carolina de Medeiros, 37 anos, que engravidou em maio de 2021, também conta que a gestação durante o período de isolamento foi um momento delicado. “Eu engravidei durante a pandemia, na realidade em um dos piores momentos da pandemia aqui no nosso município. O Raul nasceu ainda durante a pandemia, ainda não tinha as flexibilizações, e o período de isolamento, por mais que tivesse algumas flexibilizações, eu praticamente saía para ir à casa da minha mãe somente. Saía o mínimo possível porque eu tinha muito medo de sair com grandes aglomerações, eu tomava muito cuidado”, disse.

Carolina ainda relatou que mesmo com medo pela pandemia, retomou parcialmente a rotina, porém está temerosa pela retomada total. “Eu já voltei a atender no consultório, mas atendo meio período apenas, atendo só a parte da tarde e consigo ficar muito mais tempo com ele porque eu também dou intervalos, eu dou intervalos maiores, mas eu consigo acompanhar. Agora eu volto a trabalhar presencialmente na faculdade em junho, então essa é a minha preocupação, como eu vou voltar a trabalhar e permanecer com o aleitamento materno exclusivo do meu filho”, descreveu.

Já Jéssica, conta que resolveu abdicar da carreira de analista fiscal e se dedicar integralmente a maternidade nesses primeiros meses de vida da filha Manuella. “Eu trabalhava em um escritório de contabilidade há 7 anos, mas optei por não voltar após meus 4 meses de licença maternidade. A pandemia também foi fator determinante nessa decisão, visto que como ainda estávamos no início da vacinação e para algumas faixas etárias ainda nem estava disponível e ainda havia muita incerteza em relação a segurança de colocar uma terceira pessoa nos cuidados com o bebê ou colocá-la na escola”, afirmou.

As mães de primeira viagem também comentaram como o isolamento social atrapalhou o convívio dos familiares com as crianças. “As visitas foram bem reduzidas e algumas só aconteceram meses depois do nascimento da minha família. Mas se não fosse a pandemia, certamente nossos familiares e amigos poderiam ter compartilhado mais desse momento conosco”, exclamou Jéssica. “Eu optei por não ter visitas. No primeiro dia em casa, foi o dia que a minha família veio conhecer, e depois disso eu falei que não queria mais visitas, tanto que de pessoas não ligadas a família, ele nem recebeu visitas ainda”, disse Carolina.

Apesar das dificuldades, Carolina avalia de forma positiva a maternidade no período de isolamento social.  “Eu acredito que o Raul ter nascido na pandemia, acho que foi providencial, na verdade, porque eu consegui curtir muito a minha gestação, fazer o quartinho dele com calma. Pelos atendimento remotos, consegui estar mais presente em casa, então tudo o que eu fazia eu colocava atenção plena para pensar em cada detalhe, tanto que eu tenho muitas lembranças boas de tudo, de cada momento da gestação, que talvez se não estivéssemos na fase de pandemia eu não tivesse percebido. Eu não sei como é ter filhos fora da pandemia, mas eu vi esse aspecto como positivo no meu caso, justamente por isso, por conseguir me doar mais”, ponderou.

Jéssica também considera que mesmo com período delicado, o isolamento não interferiu no desenvolvimento de Manuella, que hoje já está com 1 ano e 2 meses. “Desde o início sempre fiz questão de fazer muitos passeios ao ar livre com ela, o que de alguma forma proporcionou o contato dela com outras pessoas. Na medida do possível, e com todos os cuidados necessários, também mantivemos a visita das pessoas mais próximas, o que ajudou ela ser uma criança bastante sociável. Além do mais o acompanhamento pediátrico foi mantido, então sempre acompanhei todos os marcos de desenvolvimento e sempre foram satisfatórios”, acrescentou.

Para as mães, a flexibilização e a retomada gradual das atividades normais, refletem na esperança de dias melhores. “Mesmo com a retomada e com os protocolos mais flexíveis, sempre a gente vai acabar se preocupando, mas essa fase tem sido muito positiva”, afirmou Carolina. Jéssica ressaltou. “É uma alegria poder vê-la tendo contato com outras crianças, poder passear no shopping e até viajar. São momentos importantes da primeira infância que impactam positivamente na vida dela e de toda família”, disse.

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