O Tribuna de Itapira foi procurado por moradores e proprietários da região do José Tonolli e Jardim Guarujá que se mostraram em alto grau de preocupação no tocante a situação de um trecho do Km 40 da SP-147, nas proximidades dos bairros.

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O local em questão é nada menos do que a entrada do Ribeirão da Penha em perímetro urbano de Itapira, onde suas águas passam em estrutura sob a rodovia. As queixas eram de que o “túnel” estaria para desabar e, além de causar o afundamento total do trecho da rodovia, poderia de certa forma causar alagamentos na região.

A reportagem foi apurar essa situação e, mesmo o local sendo de difícil acesso, conseguiu registrar fotografias do estado atual das estruturas que ficam abaixo de onde trafegam os veículos. O observado (veja nas fotos dessa reportagem) foi de que uma parte do concreto já havia cedido e uma grande fenda estava aberta na parte superior da estrutura nos primeiros metros da saída de água. Além disso, erosões laterais já haviam deixado à vista parte do concreto.

Sem dúvidas, a condição é digna de preocupação e, assim como relembrado por um dos reclamantes, em caso de um desabamento, uma triste situação ocorrida há 25 anos pode se repetir (leia mais no final da matéria).

É veras que se caso a estrutura vier por desabar, por exemplo, em uma ocorrência de um grande volume de chuva, os impactos causados são imensuráveis. Além do risco de vida que podem sofrer os motoristas que trafegam na rodovia, todo o trecho irá afundar, bloqueando assim talvez aquele que seja o principal acesso para o Circuito das Águas Paulistas. Um contorno nesse caso, passando por dentro da cidade pela Rua Santa Terezinha até o final da Avenida Mario Covas seria de mais de cinco quilômetros.

Cabe ressaltar que no mesmo trecho, mas na parte que fica em paralelo à faixa de rodagem, em 28 de dezembro de 2022, um deslizamento de terra ocorreu após fortes chuvas. Desde a data mencionada, um pequeno trecho da rodovia foi interditado devido ao risco de queda, o qual está desde então com cones e lonas plásticas colocadas no barranco.

Autoridades

O Tribuna levou essa situação ao conhecimento de autoridades à nível estadual, para às quais foram apresentadas as fotos tiradas pela reportagem, sendo solicitado um esclarecimento da situação.

O trecho é de responsabilidade do DER-SP – Departamento de Estradas e Rodagem do Estado de São Paulo. Em resposta aos questionamentos, foi informado que “a galeria pluvial passou por inspeção de técnicos do DER, que constataram que não há risco de desabamento. O Departamento elabora projeto executivo que definirá a melhor solução técnica, instrumento necessário para dar seguimento aos trâmites legais de contratação das obras”.

Em relação ao meio político, a situação causou repercussão junto ao Deputado Estadual Barros Munhoz (PSDB), que entrou em contato com o Tribuna. O Deputado confirmou que foi informado sobre a posição do DER após reunião, porém, discordou da mesma.

“Mantenho um contato permanente com o DER desde 1977 e acompanho essa ligação entre município e estado. Apesar do Departamento ter dito que o local não oferece perigo, eu discordo totalmente dessa posição. Ao meu ver, devem ser feitos reparos e com prioridade máxima. Se for preciso, levarei essa situação até o Governador e lutarei para fazer essa obra o mais rápido possível”.

O Tribuna também solicitou uma posição à Prefeitura de Itapira sobre o caso, questionando se a situação era de conhecimento e a respeito das preocupações dos moradores. Até o fechamento desta edição a reportagem não obteve retorno.

Situação verificada pelo Tribuna é no mínimo preocupante – foto Paulo Bellini
Parte da estrutura já desabou – Foto Paulo Bellini
Grande fenda na parte interna mostra que deterioração já avançou – Foto Paulo Bellini

Situação na SP-147 remete à enchente ocorrida em 1999

A história de Itapira é marcada por duas grandes enchentes. Uma na década de 70 e outra ocorrida há 25 anos, mais precisamente em 6 de janeiro de 1999. Em manchete do Tribuna de Itapira na época, foi descrito “Chuvas provocam enchentes no município levando pânico à população”.

Naquela oportunidade, 300 pessoas ficaram desabrigadas após o nível do Ribeirão da Penha subir assustadoramente. Sete bairros ficaram alagados com até um metro de água, as fábricas Penha e Alcici tiveram que paralisar suas produções e o tratamento e distribuição de água potável foi comprometido devido ao rompimento de tubulações.

As águas invadiram a Avenida dos Italianos, que teve um de seus trechos levados pela correnteza. Parte do muro do Bairral desmoronou. As famílias atingidas de forma mais crítica ficaram alojadas no ginásio do “Itapirão”, onde a população levou diariamente mantimentos para ajudar.

Morte

Fato que ocorreu na oportunidade, e foi lembrado pelos reclamantes à respeito da situação na galeria que passa no Km 40 da SP-147, foi a morte do engenheiro Jamir Aparecido Moisés, na época com 55 anos.

Com o avanço das águas, um trecho do Ribeirão que também passava sob rodovia, mas da SP-352 (Itapira/Jacutinga), fez ceder uma ponte, fazendo com que Moisés, que trafegava em seu Kadett, caísse dentro do rio. Ele foi localizado em trecho da Avenida dos Italianos 58 horas após o ocorrido. Uma fonte que atuou no socorro das vítimas em 1999, confirmou ao Tribuna que a situação de desabamento na SP-147 é possível de ocorrer, ainda mais levando em consideração os registros fotográficos. Caso aja um desabamento, motoristas surpreendidos podem se ver na mesma situação ocorrida com o engenheiro há 25 anos.

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