Um ato de solidariedade de uma família itapirense que perdeu o filho adolescente após trágico acidente e também a eficiência da equipe do Hospital Municipal de Itapira garantiram uma nova esperança para oito pacientes que aguardam na fila de transplante de órgãos em diferentes locais do país.
No último domingo, o jovem Josué Carlos da Conceição Nascimento, 17 anos, teve morte encefálica registrada após dias internado em decorrência de grave acidente de moto sofrido dias antes. E foi o contato humanizado da equipe do Hospital Municipal com os familiares que garantiram a autorização para a doação de seus órgãos que estavam em perfeitas condições.
Em razão disso, a tarde da última segunda-feira, 20, foi marcada por uma grande movimentação no Hospital Municipal para a realização da captação do coração, fígado, rins, pulmões e córneas e o rápido transporte feito pelas equipes do Incor (Instituto do Coração) e da Unicamp, inclusive com mobilização de um helicóptero Águia da Polícia Militar.
O ato de generosidade da família diante de um momento de tanta dor significa uma nova esperança para oito pessoas que aguardavam na fila de transplante. “Não temos como expressar o sentimento de gratidão por essa família que mesmo nesse momento tão difícil compreendeu a importância da doação de órgãos e autorizou nosso Hospital Municipal a proceder com os trâmites necessários. Foi um ato de muito amor”, enalteceu o prefeito Toninho Bellini.
Em nota, toda a equipe da Secretaria Municipal de Saúde agradeceu aos pais da vítima, Sra. Elisoneide Maria da Conceição Silva do Nascimento e Sr. Joseildo Carlos do Nascimento, “pela generosidade e desprendimento”. O caso, inclusive, está sendo levado a público após contato e autorização da família.
PROCEDIMENTOS
Em contato com o secretário de saúde de Itapira, Vladen Vieira, foi exposto o quão delicada e complexa é a situação para um transplante de órgãos, algo que, devido às grandes exigências para tornar isso viável, não é tão comum de acontecer, o que também ocasiona a fila de milhares de pessoas que aguardam um transplante.
“São situações específicas que permitem que seja realizado um transplante de órgão. Primeiro deve ocorrer a perda de atividade cerebral no corpo da pessoa e existe um pequeno prazo para que os órgãos sejam retirados. São realizados inúmeros exames para avaliar se é possível que a pessoa seja uma doadora mas, principalmente, o entendimento da família para autorizar o processo é fundamental”, comentou Vieira.
O secretário ainda citou uma verdadeira “força tarefa” e planejamento para que tudo possa ocorrer bem. “São equipes altamente especializadas que entram nesse procedimento, muitas vezes, uma para cuidar de cada um dos órgãos que serão retirados. Ao mesmo tempo, a pessoa que irá receber o transplante, já deve dar início aos procedimentos seja ela onde estiver, por isso que o transporte dos órgão é realizado por helicóptero, para reduzir ao máximo o tempo do procedimento”.
Sobre a questão de uma pessoa ser doadora, Vieira explicou que não basta apenas a vontade individual pois, no momento do falecimento, a família tem que autorizar, além de procedimentos junto a autoridades. “Neste caso recente, o trabalho da assistência social junto com a família foi fundamental para que a mesma autorizasse o transplante. É um momento de luto e muito difícil para os familiares. Mesmo que a pessoa deixe claro para a família que quer ser doador, é ela quem irá decidir na hora sobre a autorização do procedimento. Isso ainda envolve a Polícia e o Instituto Médico Legal”, concluiu.
A Lei nº 9.434/2.007, regulamentada pelo Decreto nº 9.175/2.017, dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de transplante e tratamento. Pela legislação brasileira, não há como garantir efetivamente a vontade do doador, no entanto, observa-se que, na grande maioria dos casos, quando a família tem conhecimento do desejo de doar do parente falecido, esse desejo é respeitado.
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