Um tema dominante em toda a grande imprensa no último final de semana de outubro foi a repercussão causada pela divulgação do IBGE a respeito dos dados relacionados ao Censo de 2022, sendo o principal deles, a constatação de que a população do país envelhece a passos largos.

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Em linhas gerais, o IBGE indicou que o total de brasileiros que têm idade a partir de 65 anos, cresceu cerca de 57% em comparação ao censo de 2010, enquanto que a população de zero a 14 anos recuou. Ainda segundo o estudo, a chamada “idade mediana” (que separa a metade mais jovem, da metade mais velha da população) aumentou 6 anos desde 2010.

Itapira

Com relação à Itapira, o IBGE aponta que 19,92% da população atual – de 72.022 habitantes, está na faixa etária acima dos 60 anos de idade, um total, de acordo com o órgão, de 14.342 itapirenses. Ainda conforme os dados do município, seis pessoas já ultrapassaram os 100 anos – sendo cinco mulheres e um homem, e outras 72 estão com mais de 95 anos e rumo ao centenário, sendo 49 mulheres e 23 homens.

Nessa idades mais elevadas, o maior conjunto de pessoas são aquelas que estão na faixa etária de 60 a 64 anos: um total de 4.314 itapirenses, sendo 1.999 homens e 2.315 mulheres.

Um importante dado no tocante ao envelhecimento da população de Itapira está relacionado ao Índice de Envelhecimento (que mede a quantidade de idosos acima dos 65 anos para cada 100 jovens abaixo dos 15 anos), o qual o município subiu 31,91 pontos – no Censo de 2010 a taxa era de 54,37 e agora no de 2022 atingiu os 86,21 pontos.

Os resultados do Censo também mostram que a maioria da população de Itapira se encontra na faixa dos 40 a 44 anos, sendo estes 8,21% ou 5.915 pessoas. Aliás, essa faixa também é aquela em que homens e mulheres se encontram em uma quase igualdade de moradores – 4,11% e 4,10% respectivamente. Na análise dos sexos, até os 24 anos os homens são maioria, mas daí em diante a superioridade numérica fica do lado feminino da população. Ao todo, o IBGE informa que são 35.271 homens e 36.751 mulheres. Veja a seguir a pirâmide etária completa de Itapira:

Análises

“Esses dados refletem aquilo que a gente já vinha percebendo na prática”, considerou o assistente social Lucas Tiago de Oliveira da Silvam 42, presidente do Conselho Municipal da Pessoa Idosa. Ele defende que os diferentes níveis de governo utilizem as informações mais recentes para a elaboração de políticas públicas que façam frente a essa nova realidade.

“Se tomarmos por base o trabalho realizado em Itapira, temos uma situação privilegiada em comparação com muitas cidades, com boas políticas públicas, envolvimento da sociedade, uma boa rede de cobertura de saúde, lazer e atendimento especializado. Elementos que colocam Itapira entre as cidades com melhor qualidade de vida para o público idoso, conforme já ficou demonstrado até mesmo com a realização de levantamentos comparativos por órgãos especializados neste tipo de avaliação. Mas, evidentemente, diante das projeções que foram trazidas à tona, temos que fazer muito mais”, defendeu.

Reflexos

O administrador de empresas Belarmino Perez Junior, presidente da Casa de Repouso Allan Kardec, avalia que melhores condições de salubridade da população em geral, acabam contribuindo para o aumento da expectativa das pessoas e que esse movimento é perceptível na gestão da entidade da qual é um dos dirigentes.  “Temos percebido esse crescimento em função da maior demanda para acolhimento de idosos em nossa entidade nos últimos anos”, comparou. Defende também que diante da nova realidade, os três níveis de governo (municipal, estadual e federal) reavaliem as políticas públicas em favor da população mais idosa.

O advogado Thomaz Moraes, especializado em direito previdenciário, analisa a questão do ponto de vista da necessidade de que o governo crie formas de incentivar a reinserção de pessoas idosas no mercado de trabalho, “Ensinando esse público, por exemplo, a lidar com as novas tecnologias, uma vez que a maior parte dos segurados recebe até dois salários mínimos de aposentadoria, algo que causa impacto na qualidade de vida destas pessoas”, considerou.

Questionado sobre os efeitos que a diminuição da população mais jovem e o aumento da população idosa podem causar na relação “arrecadação X despesa” da Previdência, Moraes defende que o governo dispõe de mecanismos que são capazes de manter saudáveis as contas previdenciárias. “A boa gestão passa por medidas como o estancamento do pagamento de indenizações milionárias, combate a fraudes e na observância de diversos dispositivos legais. O que não pode ser aceito, é querer jogar a fatura nas costas da classe trabalhadora”, completou.

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