O mercado fonográfico se reinventa constantemente. Atualmente a forma mais usada para consumir áudio é o streaming, segundo pesquisa da Federação da Internacional da Indústria Fonográfica. Porém, um bom rock ainda ‘deve’ ser ouvido em alto e bom som. Aliás, esse estilo que conta com uma legião de fãs, tem até mesmo um dia mundial em sua celebração, comemorado no Brasil na próxima quarta-feira, 13 de julho. Enquanto a modinha pode ser criar playlists com suas músicas favoritas, uma tecnologia do século 19 ainda resiste: as populares ‘bolachas’, ou seja, os discos de vinil.
Enquanto o LP (Long Play) volta a se popularizar com artistas do pop, roqueiros sempre cultivaram essa plataforma que reinou principalmente nas décadas de 70 e 80, mas voltou a ganhar destaque nos últimos anos. Por isso mesmo o título da matéria referenciando a canção dos Rolling Stones. Segundo a revista Bilboard a venda com Long Plays, ultrapassou a marca de US$ 1 bilhão em 2021. Diversos itapirenses fazem parte desse universo, mas dois em específico possuem uma invejável coleção tendo como alicerce o rock: o comerciante João Paulo Avancini, 41, e o comerciante Fábio Salgado Vernucci, 48. De clássicos dos Beatles a bandas com logotipos quase incompreensíveis de Black Metal a coleção de ambos é composta por centenas de Long Plays.
“Meu pai e meu tio sempre gostaram muito de rock e vinil. Eu cresci no meio disso. Com dez anos eu pedi como presente um vinil, o meu primeiro, que foi um do Kiss”, disse Salgado, como é conhecido entre os amigos. O presente se tornou uma coleção de aproximadamente dois mil discos atualmente.
Da mesma maneira Avancini começou ainda pequeno. “Comecei na adolescência com uns 13 ou 14 anos. Isso era 1994 e em casa tinha uns discos de vinil do Black Sabbath, que eram do meu pai. Então comecei a gostar de música em vinil, mas o acesso para comprar em Itapira não era fácil, por isso fui pra o CD, lembro que guardava o dinheiro do lanche da escola pra compra CD. A coleção de disco começou mesmo a partir dos anos 2000”, relatou o dono de uma coleção de aproximadamente 600 long play.
Avancini disse que ouve bastante rock, blues e jazz e essas vertentes, Na sua discoteca tem muitos discos dos Beatles, Jethro Tull, Led Zeppelin, BalckBerry Smoke, Lynyrd Skynyrd, Hogjawm, sem contar a vasta coleção blues, com obras de consagrados artistas como Muddy Waters, B.B. King, Joe Bonamassa entre outros. O Rock Nacional também tem vez, mas com um lado B, menos conhecido do público em geral como Made in Brazil, Casa das Maquinas e Patrulha do Espaço.
Salgado é mais extremo. Dentre as bandas mais presentes em sua coleção estão Darkthrone, Agalloch, Katatonia e Sarkrista porém, sua banda preferida não é do estilo Black Metal e sim do Punk Rock, sendo as bolachas do grupo Bad Religion as mais tocadas em sua casa. “A maioria dos meus discos estão abertos, mas também tenho bastante lacrados, que são aqueles que eu também tenho na versão em CD. Hoje o mercado de vinil está aquecido com alguns discos valendo muito. Acho que no Brasil não tem uma coleção igual nesse estilo de Black Metal, e isso quem me fala são os grupos de rock que participo”, disse.
DIFERENÇA
Ouvir vinil não é apenas uma questão de gosto. Envolve diversas outras questões. Segundo relatório anual da Federação Internacional da Indústria Fonográfica, divulgado no final do ano passado, a escolha por essa plataforma acontece por vários motivos. 40% dos ouvintes gostam de colecionar LPs, 31% gostam do ritual de tocar um vinil, 30% preferem a experiência de imersão em um álbum todo, e 21% gostam da leitura do material impresso.
Avancini e Salgado corroboram com essas informações. “Escutar vinil não é só a música, e sim todo o ritual. Capas, encartes, discos coloridos. A parte gráfica de um disco de vinil é muito bem acabada, principalmente nos vinis novos. Aqui tenho equipamentos vintage para ouvir os discos. Isso também tem sua beleza singular e qualidade incomparável de áudio, comentou Avancini.
“O vinil é algo especial. Tem a capa toda trabalhada, o encarte com as letras das músicas e a história da banda. Acho que quem gosta de rock, quer ter o físico na mão. A qualidade do som é excelente. Quem fala em chiado é porque nunca teve um bom equipamento para tocar. O som é melhor que CD, porque o disco não perde a qualidade. No vinil você escuta todos os detalhes e sons dos instrumentos que se sobressaem, principalmente do baixo. Parece que a banda está dentro de casa”, contou Salgado.
Os dois entrevistados, além de colecionadores, sempre foram envolvidos com música. Salgado participou de diversos grupos da cidade como guitarrista, entre eles o Alternative System, banda de Hard Core Melódico com visibilidade no cenário underground do Brasil e fora dele. Avancini toca violão e gaita, e participou de bandas como Alice’D, e Sunset Brothers. Grupos que tocaram rock e blues em Itapira e região.
Fotos: Paulo Bellini/Tribuna de Itapira
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