Taxidermia é a técnica que permite dar forma e conservar a pele de animais, que são montados em estrutura realista e permitem preservar a memória da biodiversidade, proporcionando um instrumento de estudo científico. É nessa área que o itapirense Caique de Oliveira Belli, 37, vem se dedicando, aplicando técnicas especiais, habilidade e bom gosto em animais silvestres que, infelizmente, não sobrevivem após resgates e podem ser preservados e estudados após serem taxidermizados.

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Em entrevista concedida à reportagem, Belli disse que criou interesse na técnica quando fez o curso para ser tanatopraxista, uma outra área de preservação de corpos. “Quando fiz o curso de tanatoplaxia, tinha o interesse também de fazer em animais e através do YouTube conheci o Emerson Boa Ventura, profissional referência da taxidermia em Curitiba. Fiz o curso com ele e recebi o certificado, seguindo todas as regularizações federais, estaduais e de meio ambiente que norteiam o trabalho”, disse, mostrando exemplares de um Tucano, Gavião Carijó e uma Coruja Mocho Diabo, os quais ele realizou o procedimento.

Em Itapira, o taxidermista, em contato com o veterinário Rodrigo Belli, conseguiu ter acesso à animais silvestres que acabam não sobrevivendo após resgates efetuados por corporações como Defesa Civil e Corpo de Bombeiros, o que permitiu que as técnicas fossem aplicadas. “O Rodrigo realiza um trabalho em Itapira e região junto com a Juliana Medeiros, o qual eles cuidam de animais silvestres que são resgatados. O objetivo é curar os bichos e os devolver para a natureza mas, em alguns casos, eles acabam não sobrevivendo e, para não ocorrer o descarte, buscamos preservar a memória da nossa biodiversidade com cunho educativo e científico realizando a técnica”, contou Belli.

Os animais chegam com o Boletim de Ocorrência relacionado ao resgate realizado pelos agentes de segurança e também com o laudo técnico dos veterinários, atestando a morte natural dos animais. A técnica pode ser aplicada em qualquer tipo de animal e inclui a taxidermia científica, a qual permite que os animais sejam utilizados para estudos, exposição, palestras e amostragem, normalmente sendo realizada em espécies silvestres, ou até a artística, no caso da preservação de pets como cães e gatos, para aqueles tutores que perderam o seu animal de estimação e querem manter a lembrança em suas casas, em vista que a técnica permite a reconstituição de suas características físicas o mais fielmente possível. “Taxidermia é dar forma a pele. É um trabalho dedicado e para ser feito com paciência”.

PROCESSO

No caso das aves, após receber o animal, as vísceras e os ossos são retirados, preservando a pele e as penas. A parte interna dos bichos é então tratada com Borato de Sódio, um sal mineral natural com propriedades antissépticas, antifúngicas, antivirais e antibacterianas, que permite a conservação da pele.

Após esse processo, o animal é colocado em uma posição ideal e o formato do corpo é mantido com o uso de arames e algodão. A finalização é com a parte artística, que incluem a colocação de um olho, podendo ser de vidro ou de boneca, pinturas dos bicos e arrumação das penas.

A técnica de taxidermia também pode ser aplicada em mamíferos, mas consiste em um processo mais complexo. O animal é congelado, para então ter todas as suas vísceras, músculos e ossos retirados. A pele deve ficar mergulhada no álcool por cerca de dez horas e também é tratada com o Borato de Sódio. Um “manequim” do animal é feito com um contramolde, para sustentar a pele em uma forma realística. Poliuretano é então injetado, uma espuma expansiva que irá preencher todos os espaços. Depois, é só costurar.

“Para realizar o processo nas aves são cerca de quatro horas de trabalhos. Nos mamíferos, após concluir o mergulho no álcool, em torno de seis horas. O Júnior, do Museu de História Natural de Itapira, me deu várias dicas de como realizar os processos”, disse Belli, reforçando que os animais silvestres não são comercializados e nenhum é sacrificado para aplicar a técnica. Para as pessoas que quiserem contratar os serviços do taxidermista, podem entrar em contato através do 9. 9837-3314.

Fotos: Tribuna de Itapira

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