A notícia caiu como uma bomba junto aos fabricantes de adoçantes artificiais. A OMS (Organização Mundial da Saúde) divulgou resultado de estudos que segundo o órgão, comprovam que a utilização deste tipo de composto químico usado para substituir o açúcar não contribui para emagrecer ou evitar o aparecimento da diabetes. Ainda segundo a agência, “os adoçantes artificiais devem ser utilizados apenas por quem já tem diabetes e em quantidades mínimas”.

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Ainda conforme aquilo que foi divulgado, a utilização desses produtos químicos pode trazer prejuízos à saúde quando utilizados em excesso e por tempo prolongado. Segundo ainda a OMS, o uso prolongado pode aumentar o risco de se desenvolver diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares, supostamente, colaborando para uma maior taxa de mortalidade em adultos.

O TRIBUNA DE ITAPIRA ouviu a opinião de especialistas das áreas da nutrição e médica a respeito do assunto. A professora-doutora Ana Carolina de Medeiros, coordenadora do curso de Nutrição do Centro Universitário Uniesi, defendeu a posição da OMS.  “Existem mais evidências científicas condenando o adoçante do que promovendo seu uso. Há diversos estudos que tratam da associação do uso indiscriminado de adoçantes artificiais, como acessulfame K e aspartame que podem estar relacionado ao surgimento de diversas doenças, em especial o câncer cerebral”, advertiu.

Ana Carolina defende ainda que o uso destes produtos deveria ser controlado. “Adoçante é algo que deveria ser comprado em farmácia, com prescrição e posologia. Parece uma ação radical, mas faz todo sentido se pensarmos que a maioria da população utiliza o adoçante em sua dosagem duplicada e muitas vezes quadruplicada. Basta observar que muitas pessoas utilizam mais que as três gotinhas recomendadas pela maioria dos fabricantes. Muitas acabam utilizando de 7 a 10 gotas por vez”, ponderou.

A especialista considera ainda que o anúncio da OMS tem o poder de impactar um negócio bilionário ao redor do mundo. “A indústria da beleza, do magro, vende a ideia que o artificial é necessário e com isso lucra à custa de muita desinformação. Emagrecimento e controle de glicemia vai muito além do controle de açúcar ingerido ou não. Prevenção de doenças sempre estará associada a uma alimentação saudável. O açúcar, consumido com moderação, faz parte desta alimentação saudável sim, assim como a prescrição da prática de atividades físicas regulares. Este investimento tem pouco custo e ainda é o mais eficaz que conhecemos”, declarou.

Paladar

A nutricionista Aleandra Maura Marcatti, que dá expediente na Secretaria Municipal de Saúde, também enxerga na ofensiva lançada pela OMS uma preocupação relacionada à necessidade de um maior controle na ingestão de alimentos químicos. Aleandra informa que durante o atendimento, procura orientar seus pacientes para “educar o paladar”. “Quanto menos açúcar, mais saúde”, defende. Os resultados, segundo ela, têm sido promissores. “Pessoas saudáveis, deveriam restringir o consumo do açúcar na alimentação optando por opções mais saudáveis como o açúcar mascavo ou o demerara. Já os portadores de diabetes teriam como opções outros adoçantes, porém, a um custo mais elevado”, defendeu.

A médica endocrinologista Carmen Abigail de Freitas Dantas enxerga na ação da OMS um esforço para alertar às pessoas para a necessidade da adoção de uma alimentação mais saudável, em detrimento ao consumo exagerado de alimentos processados e ultraprocessados.

“A OMS está em campanha para que as pessoas comam mais alimentos naturais e evitem a ingestão daquilo que é sintético. Defende  ainda que os alimentos industrializados informem em suas embalagens se contêm adoçantes, de preferência na rotulagem frontal. Isso pode servir de norte para a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), já que a indústria, para evitar a lupa nos rótulos alertando sobre o excesso de açúcar, tem retirado esse ingrediente e acrescentado adoçantes”, sugeriu.

Em relação aos pacientes com diabetes, Dra. Carmen foi taxativa: “A recomendação da OMS não abrange pessoas diabéticas. Pessoas com diabetes devem manter o uso dos adoçantes em substituição ao açúcar, sempre com moderação e bom senso”, advertiu.

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