Em edições anteriores da Copa do Mundo, o verde amarelo era mais vistoso por toda a cidade. Neste ano, no entanto, por causa da intensa e tóxica polarização política que divide ao meio a sociedade brasileira, esse tipo de manifestação está sendo mais discreto. O uso das cores verde-amarelo como símbolo de um dos lados fez com que muitas pessoas se tornassem mais cuidadosas.

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“Normalmente eu caprichava mais, mas nesse ano achei melhor investir somente na pintura da fachada”, disse o comerciante Benedito Scaglia, o Nenê Scaglia, dono do tradicional Scaglia’s Restaurante, que há mais de três décadas atua no Jardim Soares. O local é conhecido como ponto de encontro de todas as torcidas e quando o assunto é Seleção Brasileira na Copa do Mundo, sempre entra no clima.

No Jardim Raquel, outro comerciante que preferiu ter a identidade preservada, disse que a decoração do seu estabelecimento sempre foi uma exigência da própria clientela. “Nesse ano não senti firmeza no entusiasmo das pessoas. Achei melhor não fazer nada. Eu não tenho lado político. Sou comerciante, tenho que atender a todo mundo indistintamente”, ponderou.

BRINDES

De certo modo, o cenário atual interferiu até no comércio de brindes alusivos à participação da seleção brasileira. Um tradicional empresário do setor disse que nem se preocupou em correr atrás. “Não é nosso foco”, justificou. Remando em direção contrária, o ex- prefeito José Natalino Paganini, dono da Brind-Art foi à luta. Desde agosto tem divulgado seu sortimento de brindes direcionados ao comércio, indústria e prestação de serviços. “A campanha de vendas foi bem sucedida, não tenho do que me queixar”, declarou.

Um setor claramente afetado foi das gráficas. Em outros mundiais, depois da febre das figurinhas, havia a invasão das tabelinhas com jogos do mundial. Neste ano dá para contar nos dedos de uma das mãos as empresas que se dispuseram em agradar a clientela com este tipo de mimo. “Nunca foi nosso foco, mas neste ano, diante das adversidades, saímos para prospectar interessados na tabelinha. Só tivemos retorno de duas empresas”, lamentou Leonildo Zanella, da Gráfica Zanella.

Para Júlio Cesar Molinari, da gráfica Aspem, a conversa é mais embaixo. “A questão política tem influenciado sim, mas não por causa da realização ou não da Copa. O problema é que a maior parte da campanha eleitoral, o setor produtivo não escondeu a preferência pelo Bolsonaro e o resultado da eleição trouxe a reboque um sentimento de frustração muito grande, que de certa forma já afeta os investimentos. A economia vinha numa crescente. A coisa virou”, aponta.

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