O termo “Dezembro Verde” significa que o mês foi escolhido para representar o mês de luta pela conscientização da população contra o abandono de animais. Com a chegada das festas de final de ano, o número de cachorros gatos abandonados nas ruas cresce consideravelmente.
Esse aumento expressivo de casos tem inúmeros motivos: seja porque o próprio tutor coloca o animal na rua (muitas vezes em razão de ter que viajar e não ter com quem deixar o animal), seja porque a pessoa recebeu o animal de “presente” e depois não se identificou com ele e o abandona, seja ainda porque o animal foi doado para “presentear” uma criança e posteriormente esta criança ou a família não o quis, dentre outros motivos. Daí a escolha do mês de dezembro para representar a campanha da luta contra o abandono.
Além do objetivo principal da campanha, que é a luta contra o abandono, outros tópicos também são ressaltados, como as consequências do desamparo e questões de saúde e segurança públicas. Além de cruel e desumano, abandonar animais em logradouros públicos é crime e quem cometê-lo deve ser punido com prisão, multa e perda da guarda do animal, de acordo as leis vigentes. Importante destacar que os animais possuem capacidade de sentir e recentemente tiveram reconhecimento a nível legal dessa capacidade, sendo agora considerados por lei como seres sencientes, ou seja, seres com capacidade de experimentar e vivenciar intensamente sentimentos e emoções como medo, tristeza, saudade e alegria.
A reportagem do Tribuna de Itapira conversou com duas frentes da cidade que atuam na proteção dos animais: a UIPA (União Internacional Protetora dos Animais) e o Projeto Ninski. Em ambas os desafios são imensos e diários, mas com o objetivo de resgatar, salvar e proteger animais que são abandonados e também aqueles que nasceram e vivem nas ruas, passando constantemente por dificuldades.
Para a Presidente da UIPA de Itapira, Maísa Fernandes, o mês de dezembro acaba sendo um período triste do ano devido ao grande aumento de abandono de animais que acaba acontecendo devido às festas de fim de ano. “Dezembro é mês de festas, as pessoas vão viajar e acabam deixando os animais sozinhos ou os abandonam mesmo. Nós da proteção animal não podemos invadir casas ou fazer a retirada de uma animal que está sozinho sem uma ação judicial”, comentou Maísa.
“O mês de dezembro é considerado o mês com maior número de abandono por ser época festiva de natal e ano novo e ao invés das pessoas se conscientizarem que é um período de renovação, de nascimento, eles abandonam vidas por passeios e viagens. A UIPA segue com suas campanhas e trabalhos e quem tiver qualquer tipo de dúvida e precisar de esclarecimento estou sempre à disposição”, concluiu.
Já para Simone Lanzoni, coordenadora do Projeto Ninski, que resgata gatos, um dos principais problemas é questão da castração. “As pessoas não castram, são acomodadas e querem tudo na mão. Ai acaba sendo mais fácil abandonar”, disse Simone, ressaltando que a maioria dos gatos que ela retira da rua são filhotes. “Uma vez peguei três gatinhos filhotes que estavam lacrados em uma caixa de papelão na rua”.
Simone frisou que, no caso dos gatos, essa época de fim de ano, que é um período quente, influencia cio das gatas, o que faz aumentar consideravelmente os nascimentos, principalmente em gatos que vivem nas ruas. “Existem colônias de gatos muito grandes em Itapira. A gata entra no cio muito facilmente devido ao calor nessa época do ano e as procriações aumentam muito. Se você tem dez gatas que vivem em uma região e cada uma acaba dando à luz a seis gatinhos, rapidamente você tem uma explosão de nascimentos”.
A questão econômica também influencia e em uma situação de emergência com o animal doente ou machucado a situação fica ainda mais complicada. “Às vezes as pessoas não tem condição de dar o básico que é uma comida, se caso o animal se machuca ou fica doente ela também não terá condições de bancar o tratamento, ai acaba ocorrendo o abandono”, concluiu.
Quem presencia maus-tratos a animais de quaisquer espécies, sejam domésticos, domesticados, silvestres ou exóticos pode se dirigir até a delegacia de polícia. É possível denunciar também ao órgão público competente do município, para o setor que responde aos trabalhos de vigilância sanitária, zoonoses ou meio ambiente. Lembrando que cada município tem legislação diferente.
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