– Especial por Humberto Butti –

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Ícones da conquista da Copa de 58 na Suécia, quando se tornaram conhecidos mundialmente, um por ter sido o primeiro capitão da seleção brasileira e perpetuar o gesto de erguer o troféu acima da cabeça e o outro por surgir para o mundo como o maior jogador de todos os tempos, conquistando a taça com apenas 17 anos, Bellini e Pelé não se tratavam pelos nomes, mas por apelidos. E quem pensa que o Rei chamava Bellini de capitão e Bellini tratava Pelé por Rei está redondamente enganado.

Para Pelé, Bellini era o Boi e a explicação é dada por Giselda Bellini, viúva do capitão. “Pelé o chamava por Boi por só dormir e beber muito leite na concentração”, explicou. “Um dia, durante a Copa de 2006 na Alemanha, nos encontramos no elevador e Pelé, sempre brincalhão, me perguntou se em casa ele também era Boi ou era marido de verdade e eu respondi que era um super marido”.

Em contrapartida Bellini tratava Pelé por Alemão. “Ele sempre chamou Pele por Alemão”, lembrou Giselda. “Se fosse hoje acredito que isso não seria possível”.

Apesar de ter tido poucos contatos com Pelé, Giselda tem algumas lembranças guardadas na memória. “Em sua despedida do Cosmos em 1977, fomos convidados e durante o jantar, em Nova York, Pelé veio até nossa mesa”, recorda. “Em outra ocasião, quando o Bellini era o responsável pelo Pacaembu, Pelé fez uma visita e em outra oportunidade, fiz uma foto com o Júnior (Hideraldo Luiz Belini Júnior) no colo dele na frente do estádio do Pacaembu”.

Com a morte de Pelé no final de 2022, apenas Zagallo, aos 91 anos, entre os 22 campeões de 58, ainda está vivo. Os demais já fazem parte da história.

Prefácio

No livro Bellini, o primeiro capitão campeão, lançado por Giselda em 2015, pela Editora Prata, Pelé escreveu o prefácio. “Eu não tinha tanto contato com ele, mas um amigo em comum fez a gentileza de me colocar em contato com ele e quando pedi que prefaciasse o livro ficou extremamente feliz”. Esse amigo em comum é o jornalista e escritor brasiliense Silvestre Gorgulho.

“A vida é assim. Cheia de mistérios e surpresas. Pois não é que eu conheci o Bellini, herói de minhas fantasias futebolísticas infantis, jogando ao lado dele? Mais interessante ainda: eu jogando com a camisa do Vasco da Gama, em pleno Maracanã?”.

“Sim, vou explicar. Em 1957, houve um acordo entre o Vasco da Gama e o Santos para jogar um torneio internacional que tinha o Flamengo, o Belenenses (de Portugal), o Dínamo (Iugoslávia) e o São Paulo. O combinado Santos/Vasco entrou em campo em 19 de junho para jogar contra o Belenenses.”

“Lembro bem, eu tinha apenas 16 anos e o Bellini tinha acabado de completar 27 anos. Ganhamos de 6 a 1. No final do jogo, o Bellini veio me cumprimentar com um abraço muito carinhoso por eu ter feito 3 gols na partida. Foi um abraço de incentivo que guardo com saudade. Bellini no auge da carreira e eu começando minha vida profissional.”

“Um mês depois, em 7 de julho, lá estava eu de novo ao lado de Bellini para defender a Seleção Brasileira contra a Argentina, na disputa da Taça Roca. Depois veio a Copa do Mundo de 1958, na Suécia. Minha admiração por ele continuou e nossa amizade se consolidou.”

“Vale lembrar um outro momento. Se Bellini esteve do meu lado no primeiro jogo no Maracanã, no primeiro jogo pela Seleção e se fomos campeões do Mundo juntos na Suécia, em 1958, e no Chile, em 1962, não havia como ele ficar ausente também de minha despedida do futebol.”

“Em 1° de outubro de 1977, na partida entre Cosmos e Santos, quando joguei profissionalmente pela última vez, quem estava no Giants Stadium de Nova York, entre os 75.646 expectadores? Meu convidado especial, Hideraldo Luiz Bellini. Sim, fiz questão da presença do meu antigo capitão, com quem tive a honra de jogar três Copas do Mundo e conquistar dois títulos mundiais.”

“Novamente me sinto honrado em estar aqui, ao lado de meu antigo capitão, para apresentar essa obra de Giselda Bellini, sua esposa. Giselda fez muito bem em deixar sua história ao lado de Bellini para a posteridade. Mesmo num outro Plano, sei que por este livro Bellini vai continuar levando seu exemplo de esportista, seus ensinamentos de professor das escolinhas de futebol e seu legado de líder e herói.”

“Bellini – o primeiro capitão campeão mostra para todos os fãs do futebol uma certeza que tenho comigo. Bellini não é apenas aquela imagem forte, linda, emocionante e histórica que conquistou o planeta ao erguer a Taça Jules Rimet na Copa do Mundo de 1958, em Estocolmo. Por este livro, vamos conhecer o cidadão, o homem de caráter, o amigo e o herói que mesmo depois de nos deixar, continua se oferecendo aos brasileiros. “

“Nesse rastro de luz e doação, está o cérebro de Bellini nos laboratórios do Hospital das Clínicas de São Paulo para que a equipe do Dr. Ricardo Nitrini pesquise e busque a saúde de outras pessoas, sobre tudo desportistas. “

“Depois de deixarmos o futebol profissional, nossas vidas tomaram rumos diferentes. Mas nossos reencontros eram sempre motivo de alegria e lembranças.”

“Bellini é apenas saudade. Mesmo tendo deixado um vazio imenso, dentro e fora de campo, este livro dá a oportunidade aos leitores de bater uma bola com a história de um líder. Oportunidade de relembrar, conhecer e aprender as lições deixadas por um ídolo.”

“Amigo leitor, prepare-se para se emocionar. Giselda Bellini conta a história de um brasileiro que amou sua profissão e fez, com sua arte, um Brasil mais feliz”.

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