Para os amantes da música, essa foi uma semana de luto, por conta do falecimento na segunda-feira, dia 8, aos 75 anos, da cantora, compositora, instrumentista e escritora Rita Lee. A “Rainha do rock”, como era conhecida, lutou no final da vida contra um câncer.

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Imediatamente após sua morte, aqui em Itapira, começaram a circular pelas redes sociais diversas mensagens e memes fazendo referências elogiosas à carreira e à trajetória artística inigualável da cantora, construída ao longo de mais de 50 anos.

Chamaram a atenção fotos postadas de pessoas aqui da cidade com a cantora, feitas durante passagem dela por Itapira, quando se apresentou no Itapirão em 1995, trazida pela empresa Eleven Produções, que tinha como um de seus responsáveis o empresário Aristeu Di Salvi, cuja esposa Ana, postou uma foto dela ao lado da artista.

Além deste show, especula-se que a cantora tenha se apresentado pela primeira vez na cidade em meados da década de 1970, quando excursionou pela região junto com a banda Tutti Fruti, com a qual passou a se apresentar após encerrada a fase em que era uma das estrelas do grupo Mutantes. O cartorário Devaldo Cescon, o “Pasté”, disse para o TRIBUNA que desconfia que esta apresentação tenha ocorrido no Centro Comércio e Indústria, o Centrão.

Di Salvi contou que guarda ainda na memória detalhes que cercaram a apresentação de Rita Lee no Itapirão. Entre as curiosidades que mencionou, lembra que naquela noite, se apresentou antes do show principal, o cantor Serguei, lenda do rock nacional, que morreu em 2019 aos 86 anos de idade. O projeto do palco (na verdade, dois palcos, segundo Aristeu) envolveu a participação da empresa KVA, dos irmãos Cavenaghi, especializada em construções elétricas. “A estrutura montada para iluminação e sonorização do espetáculo daria para fornecer energia para uma cidade com 10 mil habitantes”, garantiu Aristeu.

Outro detalhe que segundo ele foi marcante, diz respeito ao fato de ter chovido às escâncaras durante a apresentação da famosa cantora, colocando fim a um longo período de estiagem que predominava em toda região. “Foi surreal porque no final das contas, o ginásio acolheu um público muito menor do que aquele projetado. As pessoas não saíram de casa com toda aquela chuva e com certeza, muitos dos que haviam adquirido convite antecipadamente, também acabaram se ausentando”, comentou.

Ana Di Salvi com a roqueira, feita durante passagem dela por Itapira em 1995

Influência

A fotógrafa Krys Freitas, baixista do grupo musical Boneca de Cera (formado somente por mulheres) expressou sua tristeza com o falecimento de Rita Lee, lembrando que a cantora influenciou gerações de garotas iguais a ela, que decidiram ir à luta para conquistar um espaço no cenário musical. “Eu curto Rita desde criança. Meu primeiro contato foi quando assisti pela TV ao show que ela abriu pros Rolling Stones no Hollywood Rock em 1995. Minha família já curtia rock. Quando vi aquela mulher toda vestida com uma segunda pele de tatuagens, usando apenas um tênis, cantando um rock n`roll frenético, psicodélico e eletrizante, fiquei vidrada, até esqueci dos Stones. Pensei, “quero ser assim também!”, recordou.

Krys afirmou ainda que em certo sentido, Rita Lee ao se firmar como ícone do rock nacional, acabou desbravando um terreno que era hostil ao público feminino. “Querendo ou não, o rock também era muito de meninos, era difícil ver e respeitar uma mulher do Rock in Roll. Sempre tinha um comentário ácido em relação à vida pessoal, ou o que quer que seja, sem valorizar a sua arte. E a Rita, pra mim sempre foi essa referência de que, sim, nós podemos ser o que quisermos, e não devemos nos importar com o que o patriarcado pensa de nós”, emendou.

A morte da cantora repercutiu também no universo masculino ligado ao rock and roll. Rafael Ribeiro Coradi, 39, do grupo de rock, Mão de Morsa, aqui da cidade, disse que ficou triste com o falecimento da “Rainha”. “Rita Lee era lenda. Ela se foi, mas certamente deixa um legado que nem o tempo vai apagar”, considerou. O músico garantiu que acompanhou de perto os trabalhos mais recentes de Rita Lee, embora considere que uma de suas fases mais criativas guarde relação com sua passagem pelos Mutantes e mais tarde, com o Tutti Fruti.

A baixista Krys Freitas falou de sua identificação com a artista

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